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Como mobilizar empresas para a ação climática: lições para a COP30

Evento da Comissão de Bioeconomia reuniu especialistas para discutir o protagonismo do setor privado na construção de um futuro sustentável

No último dia 15 de maio, a Comissão de Bioeconomia da CCIFB-SP promoveu o evento híbrido "Momentum COP30: Como mobilizar equipes e acelerar a agenda climática". A iniciativa discutiu como as empresas podem contribuir para a agenda climática, especialmente com o olhar voltado para a COP30, que será realizada em Belém (PA) no final deste ano. Os palestrantes convidados foram Cyrille Bellier, diretor executivo da Rever Consulting e da Utopies Brasil; Patrícia Altmann, PMO ESG da Thales LATAM; e Juliana Nobre, gerente de Sustentabilidade da Pluxee. A moderação foi de Isabella Yanez, vice-líder da comissão.

Bellier, destacou que o principal objetivo do evento não era apenas compartilhar iniciativas, mas promover uma troca real entre empresas e pessoas envolvidas na agenda climática. “O objetivo principal aqui é criar um espaço de troca, onde quem ainda não começou possa perguntar, se inspirar, e quem já está atuando compartilhe suas práticas – mesmo que não esteja dentro da sala”, afirmou. Ele reforçou que a COP30 representa um marco fundamental para consolidar as estratégias globais em torno do clima, e que eventos como esse servem para alinhar objetivos, consolidar lideranças e acelerar decisões.

Quatro pilares foram destacados como fundamentais para acelerar a agenda climática nas empresas: engajamento interno, planejamento, colaboração e comunicação. Ainda há uma lacuna crítica, segundo Bellier: “Muitas empresas já têm inventário de emissões e até compromissos climáticos, mas ainda não têm um plano estruturado de ação; sem esse plano, fica praticamente impossível transformar intenção em execução concreta”. Ele também enfatizou que o uso de dados científicos, a consideração de riscos locais e o aproveitamento de oportunidades de inovação são essenciais para embasar decisões estratégicas.

Além disso, ele sublinhou a importância da colaboração e da comunicação legítima. Ele ressaltou: “Num contexto como o atual, nenhuma empresa conseguirá avançar sozinha; é fundamental mapear iniciativas, escutar ativamente o ecossistema e criar parcerias que realmente dialoguem com os objetivos estratégicos”.

Patrícia Altmann, PMO ESG da Thales LATAM, compartilhou a experiência da multinacional francesa em promover a sustentabilidade dentro da sua estratégia global. Com presença em 78 países e mais de 83 mil funcionários, a Thales tem investido consideravelmente em pesquisa e desenvolvimento, somando 4 bilhões de euros, para reforçar seu compromisso com a transformação ambiental. “Como signatária do Acordo de Paris, nossa missão é contribuir para um mundo mais seguro, verde e inclusivo, com uma liderança em sustentabilidade até 2030 e além”, destacou.

Dentro desse contexto, a Thales implementou plataformas de treinamento em sustentabilidade para seus colaboradores, com destaque para o "Climate Passport", um curso obrigatório para todos os novos funcionários. Disponível na plataforma interna da empresa, o treinamento é estruturado em quatro temporadas, que abordam desde os fundamentos do clima até a importância do setor privado na ação climática. Patrícia explicou que a adesão inicial ao treinamento foi um desafio, com apenas 20% de participação entre os colaboradores da América Latina em maio de 2024. No entanto, a empresa superou essas dificuldades com campanhas internas, sessões semanais e um acompanhamento personalizado, resultando em uma impressionante adesão de 98,8% dos colaboradores.

Juliana Nobre, gerente de Sustentabilidade da Pluxee, abordou o papel das empresas no compromisso com a sustentabilidade e a necessidade de uma transformação contínua. Ela destacou que a Pluxee, empresa que atua com benefícios e engajamento para colaboradores, se transformou nos últimos anos, buscando integrar a sustentabilidade em todas as suas operações. A mudança na visão da empresa foi acelerada pela necessidade de atender a padrões mais rigorosos após a listagem na Europa, o que também contribuiu para uma maior visibilidade e responsabilidade.

Nobre detalhou que a Pluxee adota uma estratégia em quatro pilares: governança, social, ambiental e econômico, com a sustentabilidade como um compromisso real e transparente. A empresa tem investido em práticas sustentáveis e ações como a promoção de diversidade e inclusão, além de apoiar causas sociais como o combate à fome e o desenvolvimento de pequenos empreendedores, com um foco especial em jovens e mulheres.

Ela também mencionou as metas ambiciosas da Pluxee, como a redução de 90% das emissões até 2035. Juliana enfatizou a urgência das ações climáticas: “A janela para as ações climáticas está se fechando rapidamente, e precisamos ser ágeis”. A empresa tem adotado práticas como a medição de emissões nos escopos 1, 2 e 3 e investido em tecnologias sustentáveis para alcançar suas metas.

A especialista apresentou um dos projetos em andamento na empresa, como o treinamento interno que busca reduzir o impacto ambiental causado pela mobilidade dos colaboradores. Ela destacou que a Pluxee também alterou sua política de frota, substituindo veículos movidos a combustíveis fósseis por carros elétricos, incentivando práticas de transporte mais sustentáveis por meio de um sistema de bonificação. “A mobilidade sustentável é um dos desafios centrais para empresas de serviços, e a Pluxee tem se esforçado para integrar essa mudança de mentalidade na prática cotidiana”, afirmou.

 

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