São Paulo Webinar

Comissão da Saúde da CCIFB promove webinar para debater problemas e perspectivas do atendimento médico a milhões de brasileiros

 

Desafio da saúde suplementar é caminhar para um modelo mais focado na prevenção e nas comunidades, diz palestrante convidado, o médico Fábio Moreira

O universo de operadoras e seguradoras, e seus problemas estruturais e conjunturais, assim como caminhos para melhorar a gestão e o atendimento, foram o tema do webinar “Saúde Suplementar: desafios da sustentabilidade”, realizado, no dia 23 de junho, pela Comissão de Saúde da Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB).

A mediação do evento foi feita pelo líder da Comissão, Maurício Mendonça. “Essa é uma discussão muito importante para as empresas e a vida das pessoas, que se socorrem e precisam da ajuda dos planos de saúde. A saúde suplementar está na ordem do dia e movimentações importantes estão ocorrendo”, disse Maurício ao abrir a palestra.

Para o médico Fábio Moreira, fundador da empresa UNO Curadoria e professor de MBA da Fundação Instituto de Administração da USP, a saúde suplementar enfrenta problemas conjunturais, mas, para ter sustentabilidade, precisa resolver questões estruturais do sistema.

Entre os problemas do setor estão a precarização do atendimento, aumento da judicialização, reajustes anuais ostensivos, fraudes e desperdícios, alta da utilização e dos custos assistenciais e prejuízo operacional, que, em 2022, foi de R$ 11,5 bilhões – o maior da história desde 2001.

Por outro lado, o número de usuários de planos voltou a subir desde a pandemia. Em 2020, era de 47,49 milhões, número que passou, em 2021, para 49 milhões, e, no ano passado, para 50,49 milhões. “A lógica assistencial é o mutualismo, precisa de muita gente pagando para que alguns possam usar”, disse Moreira.

No entanto, o aumento das despesas assistenciais, somado aos demais custos operacionais, deixa as operadoras sem fôlego para funcionar. Outro fator é o aumento da expectativa de vida. Em 1945, era de 45,5 anos. Em 2020, subiu para 76,6 anos.

“É uma notícia excelente. A população vive mais, um ganho da ciência e da indústria farmacêutica. Porém, as pessoas não estão necessariamente vivendo mais saudáveis. A doença crônica tem impacto no sistema”, explicou o professor.

Neste contexto, até onde o sistema aguenta? “É preciso olhar sobre uma outra perspectiva, não existem somente grandes operadoras. O setor é muito pulverizado. No interior, 89% das operadoras são de pequeno porte, com alto índice de quebra”, disse o médico.

Segundo o especialista, para que se torne mais sustentável, o sistema deve tornar a prestação de serviços mais eficiente. “O sistema público tem muito a ensinar – com a busca do cuidado integrado e coordenado. A emergência, por exemplo, não é o lugar de um paciente crônico. Poderia ter um acompanhamento ambulatorial desse paciente”, afirmou.

Fabio Moreira disse que é urgente a mudança de paradigma do serviço, para fazer frente às necessidades que geram aumento do custo e comprometem a qualidade. “Atenção primária é muito mais eficiente para o sistema, a figura do médico de família, com uma comunidade mais empoderada. Mas é difícil fazer a transição de um modelo especializado, voltado para o hospital e exames de alta tecnologia”, avaliou o médico e professor.

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