São Paulo Webinar
Observatório Econômico da CCIFB-SP debate cenário econômico para 2024
Brasil deve desacelerar, mas ainda apresentará resultado forte; eleições americanas, mudanças climáticas e conflitos no oriente Médio devem indicar rumos para a economia
O Observatório Econômico da CCIFB-SP promoveu, em 9 de janeiro, um webinar para analisar os principais desafios para o ano de 2024, além de apresentar o cenário econômico e as perspectivas para as eleições municipais.
Os palestrantes foram o líder do Observatório Econômico e economista chefe do banco BNP Paribas para América Latina, Gustavo Arruda, Laiz Carvalho; a economista para Brasil do BNP Paribas e Andressa Castro; a economista-chefe do BNP Paribas Asset Management, ambas vice-líderes do Observatório.
Para Gustavo, 2024 indica que será um ano diferente do que passou. As inflações surpreenderam para baixo nos Estados Unidos e Europa, o que trará reversão nas discussões sobre política monetária e corte de juros, tema que deve, também, ter forte abordagem nos países emergentes da América Latina.
O grande tema do ano será, sem dúvida, as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Também devem impactar o cenário global as eleições no México e o conflito no Oriente Médio, que influencia o preço do barril de petróleo. O economista aponta, ainda, a situação no Japão, onde o aumento de juros vem sendo postergado, e na China, onde o desbalanceamento causado pelo setor da construção civil foi equacionado e a situação se mantém estável. Outro ponto de macroeconomia levantado pelo economista é a Inteligência Artificial e as novas tecnologias, cujos impactos devem dominar os debates sobre mercado de trabalho.
Laiz de Carvalho aponta os números previstos para o ano. Segundo projeções, o crescimento da economia deve ser de 1,8%, o que, apesar de representar uma desaceleração diante dos 3% registrados em 2023, ainda é um resultado forte. A política monetária, que foi de 11,75% em 2023, deve ser de 8%. A inflação é estimada em 3,5% e o câmbio deve fechar em 4,60, números que indicam boas expectativas. Para o primeiro trimestre, a expectativa é de que a reunião no Banco Central no final de janeiro indique a política monetária a ser seguida no ano. Apesar da nova direção ter assumido recentemente, não são esperadas grandes mudanças. O primeiro semestre do ano terá, ainda, a divulgação de perspectivas sobre meta fiscal, que deve passar de zero para déficit de 0,5, e leis complementares para a reforma tributária, que já teve seu texto-base aprovado. Já para o segundo semestre as perspectivas envolvem eventos globais, como eleições americanas. No Brasil, as eleições municipais não devem afetar o cenário econômico de maneira significativa, apesar de geralmente dificultarem a aprovação do incremento de tributos. Todos esses cenários, ressalta Laiz, podem mudar na medida em que fenômenos naturais agravados pelas mudanças climáticas e os conflitos no Oriente Médio impactarem a inflação.
Andressa Castro concorda que as mudanças climáticas podem influenciar negativamente o preço de itens da cesta obrigatória, como alimentos e energia elétrica, pelos efeitos na agricultura e abastecimento de reservatórios. A indústria, por outro lado, deve receber investimentos e retomar o ritmo de crescimento, assim como o setor de serviços, que é considerado carro-chefe do PIB. As resoluções vindas de reformas trabalhistas indicam um mercado de trabalho forte, que deve ter bom desempenho ao longo do ano. Os reajustes com a educação também terão impactos na inflação; no entanto, a previsão de que ela fique em 3,8% é considerada boa.
O economista Octavio de Barros lembra que é muito provável que os juros caiam mais rapidamente na Europa do que nos Estados Unidos, o que deve levar a uma leve depreciação do Euro. No Brasil, a queda de juros levaria à valorização do Real. Além disso, o mercado se apresenta mais otimista com a situação brasileira, já que o país acumulou um mega saldo na balança comercial de 100 bilhões de dólares. “Essa robustez anima o mercado, assim como o compromisso do ministério da Economia. A previsibilidade é algo que atrai investimentos”, afirma. Gustavo Arruda concorda: “tivemos muitos eventos positivos importantes nos últimos anos, como a autonomia do Banco Central e a confiança nas suas decisões puramente técnicas. A estabilidade na meta de inflação e o andamento das reformas previdenciária, trabalhista e tributária apontam para bons caminhos e, o mais importante quando se fala em economia, previsíveis”, finaliza.
Assista abaixo à íntegra do webinar: