São Paulo Atualidade das empresas
Brasil continua no radar para novas operações
O grupo francês Edenred, líder mundial de serviços pré-pagos e dono da marca Ticket, tem pelo menos €2 bilhões (cerca de R$ 1O bilhões) disponíveis para fusões e aquisições (M&As na sigla em inglês) globalmente em 2024, e o Brasil continua no radar para novas operações, afirmou Bertrand Dumazy, executivo-chefe da Edenred, em entrevista ao Valor.
Dentro da estratégia "Beyond" - "além" na tradução para o português-, a Edenred tem trabalhado para que seu portfólio de serviços não fique restrito ao segmento de benefícios, linha de negócio que deu origem à companhia e que passa por mudanças regulatórias importantes no Brasil.
Para Dumazy, a nova legislação traz pontos positivos, como o fim do "rebate" e a obrigatoriedade de o vale refeição ser pré-pago pela empresa contratante, mas entende que mudanças, como a interoperabilidade e a portabilidade, podem indicar uma tentativa de mudar o objetivo do programa. "Com a digitalização de tudo, há uma tentação enorme em dizer que é um meio de pagamento, mas não é meio de pagamento", diz. "É um dinheiro dedicado para alimentação no trabalho", defende.
Para este ano, a Edenred projeta crescimento de dois dígitos das operações brasileiras, dando continuidade à estratégia de aliar crescimento orgânico com aquisições. O segmento de mobilidade teve mais reforços, com cinco aquisições nos últimos doze anos. Ainda assim, Dumazy vê espaço para crescimento. Ele cita como exemplo o gerenciamento e carregamento de veículos elétricos (EV, na sigla em inglês), segmento que está avançando rapidamente na Europa. "O ritmo será diferente (no Brasil), mas haverá a necessidade de carregamento de veículos elétricos, e nós estaremos lá."
Este ano, a movimentação foi no segmento de benefícios e engajamento, com a aquisição da RB Serviços. Além de M&As, Dumazy explica que os esforços nessa frente serão divididos entre acelerar soluções existentes, como a plataforma latino americana de gestão de benefícios GOintegro, que começou a operar no Brasil neste ano, e a implementação de funcionalidades que já estão disponíveis em outros países, como a telemedicina.
Para alavancar esse crescimento, a companhia deve investir entre€ 550 milhões e€ 600 milhões em tecnologia em 2024. Além de uma nova versão do aplicativo da Ticket, o grupo pretende alavancar o uso de inteligência artificial (IA) para otimizar processos internos e lançar produtos. "Graças à IA, continuaremos criando serviços que antes não existiam", afirma Dumazy.