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Metodologia ACT traz nova abordagem sobre o clima

 

Workshop da Comissão de Bioeconomia abordou a integração de estratégias de negócios ao planejamento climático, com foco em metas e engajamento da liderança

 

A Comissão de Bioeconomia da Câmara de Comércio França-Brasil promoveu no dia 10 de setembro um workshop sobre a metodologia ACT (Accelerate Climate Transition), que orienta as empresas a alinharem suas estratégias de negócios para uma economia de baixo carbono. O evento foi conduzido por Cyrille Bellier, Isabella Yanez e Natalia Kurimori, da Rever Consulting.

Desenvolvida em 2015 durante a COP21 pelo CDP e pela ADEME (agência para transição ecológica francesa), a metodologia ACT já é implementada em diversos países da União Europeia e está em fase de roll-out internacional. Seu objetivo é garantir que os planejamentos climáticos das empresas sejam eficazes e embasados cientificamente a fim de enfrentar as questões ambientais.

Durante o workshop, foram apresentados quatro pilares para uma boa atuação climática de uma empresa. Em primeiro lugar, ela precisa ter uma visão climática de longo prazo, preferencialmente com metas para 2050, alinhada com uma transição de baixo carbono. Em segundo lugar, essa estratégia deve abranger todos os aspectos do negócio e ter fundamentação científica. O terceiro ponto é que o plano de ação deve se basear em uma sólida governança climática. Por fim, a liderança deve estar altamente envolvida. Além disso, a atuação climática deve ir além da redução da pegada de carbono, estendendo-se ao uso do poder de influência da empresa para inspirar a sociedade como um todo.

Do diagnóstico até o plano de ação, a metodologia passa por etapas que vão desde a análise do perfil da empresa da maturidade de sua estratégia climática até o engajamento de sua liderança e stakeholders. Tudo isso, além da estipulação de um prazo, é levado em consideração para a implementação e consolidação do processo.

A metodologia ACT traz luz a aspectos frequentemente deixados de lado pelas empresas ao elaborarem seus planos de transição climática.  Isabella Yanez apresentou um case de sucesso de uma empresa de sobremesas industriais na Europa, que, a partir de pesquisas sobre o comportamento de consumidores e stakeholders, introduziu sobremesas veganas e ingredientes de fornecedores locais em seu portifólio, atingindo, assim, parte das metas estipuladas em seu plano climático.

A metodologia ACT pode ser aplicada em empresas de todos os portes, setores e regiões geográficas, sendo especialmente interessante para aquelas que ainda não conseguiram integrar completamente seus planos climáticos com suas estratégias de negócios. O principal objetivo é promover um alinhamento efetivo entre esses dois aspectos, facilitando uma integração harmoniosa entre o planejamento climático e a estratégia empresarial. Ao adotar a metodologia e participar do treinamento, as companhias recebem o selo ACT, que certifica a qualidade do processo. Até o momento, aproximadamente 1.100 empresas já obtiveram essa certificação.

No Brasil, a aplicação da metodologia ACT está apenas começando. Bellier traçou um paralelo entre França e Brasil, explicando que o governo francês, apesar das normas e controles rigorosos, oferece subsídios para a implementação de metodologias como essa. No Brasil, a questão ambiental está ganhando mais visibilidade, especialmente com a aproximação da COP30 e o avanço de projetos de lei voltados para o meio ambiente. Ele acredita que essas iniciativas trarão uma aceleração nas pautas ambientais nos próximos anos, corrigindo a estagnação observada recentemente.

“Além de simplesmente reduzir as emissões, as empresas devem inspirar mudanças positivas na sociedade”, afirmou Cyrille. “A metodologia avalia e certifica os planos climáticos das empresas, oferecendo um selo de qualidade àquelas que demonstram compromisso sério e bem estruturado com a economia de baixo carbono.”

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