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Proteção no mercado de luxo

Comissão de Gestão de Riscos da CCIFB-SP realiza debate sobre vulnerabilidades e estratégias de segurança no setor de alto padrão

A Comissão de Gestão de Riscos da CCIFB-SP promoveu, no dia 7 de julho, o evento “Segurança & Exclusividade: Protegendo o Mercado de Luxo”, reunindo especialistas e executivos para discutir os desafios do setor de alto padrão diante do aumento das ameaças físicas e digitais. O debate teve a participação de Daniel Ardito (Head of Security), Hughes Cavelan (CFO e Managing Director da Porsche) e Hudson Guerra (Head de Security & Operações da Velours International). A mediação foi de Lucas Piffer, vice-líder da Comissão.

Ao longo do encontro, os palestrantes reforçaram que lidar com o risco no mercado de luxo exige mais do que tecnologia e protocolos: trata-se de uma mudança de cultura. “O risco zero só existe na descontinuidade da operação. Você pode planejar, blindar e proteger, mas sempre haverá exposição”, afirmou Cavelan, ao relatar as medidas adotadas por empresas para proteger seus executivos e familiares, como treinamentos anuais de direção defensiva com apoio de forças policiais e montadoras parceiras. Ele destacou que a rotina, muitas vezes, inclui “sacrifícios diários, como sair apenas com segurança armado e evitar certos trajetos”.

Hudson Guerra reforçou que a proteção deve começar com o entendimento real do contexto: “É preciso personalizar o preparo. Um executivo que vai morar no Jardim Paulista enfrenta riscos muito diferentes de quem vai para o interior do estado. O treinamento precisa fazer sentido para a realidade dele”. Ele destacou a importância de dados sobre segurança pública e perfis criminais regionais para orientar programas eficazes de capacitação e prevenção, inclusive para familiares e colaboradores que fazem parte do ecossistema do executivo.

Para Daniel Ardito, o maior desafio continua sendo o fator humano. “A falha mais comum ainda é do próprio usuário: por descuido, falta de preparo ou desconhecimento. Não adianta firewall se o colaborador entrega a senha”, alertou. Ele defendeu programas contínuos de conscientização e criticou abordagens pontuais. “Consciência situacional não nasce do dia para a noite: ou ela vem por treinamento, ou por trauma”, disse, ao destacar que é necessário envolver todos os níveis da organização na lógica de proteção.

O debate também incluiu reflexões sobre a relação entre empresas e o poder público. “A segurança começa dentro da operação. O Estado pode apoiar, mas não posso terceirizar minha responsabilidade”, apontou Guerra, ao destacar os riscos de relações pouco claras com autoridades. Já na comunicação sobre o risco, Ardito alertou para o perigo da romantização ou do pânico exagerado. “A mídia vende manchete. Não podemos transformar o criminoso em mito. Precisamos racionalizar a vulnerabilidade e agir com estratégia”, concluiu. O encontro reforçou que, no mercado de luxo, sofisticação e segurança devem caminhar juntas, ao lado de preparo técnico, responsabilidade institucional e cultura organizacional bem definida.

 

Confira a gravação do evento:

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