Valores em jogo: parceria entre Arca e PAC transforma a vida de jovens da favela da Vila Prudente
Desde 2013, uma parceria entre a ONG franco-brasileira Arca e o Pasteur Athlétique Club (PAC), um dos principais clubes de rugby do Brasil, vem abrindo caminhos e oportunidades para crianças e adolescentes da favela da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. A iniciativa nasceu da atuação de Frédéric Rio, então presidente da Arca e treinador do PAC, que vislumbrou o potencial transformador do esporte junto a jovens em situação de vulnerabilidade social.
A proposta começou de forma tímida, com cerca de 15 crianças — meninos e meninas — participando das equipes de base do clube, tradicionalmente compostas por jovens expatriados franceses e brasileiros de famílias mais favorecidas. Mas o impacto social e educacional rapidamente fez o projeto crescer.
Atualmente, mais de 50 jovens da Vila Prudente integram semanalmente os treinos e participam dos torneios promovidos pela escola de rugby do PAC. Desde o início, esse trabalho é acompanhado de perto pela coordenadora Rosimeire Ribeiro, que atua como elo fundamental entre a Arca e o clube.
Além da prática esportiva, o projeto proporciona uma experiência de integração social rara: crianças da periferia convivem e competem lado a lado com jovens de realidades socioeconômicas muito distintas. Unidos sob o mesmo uniforme e compartilhando valores como respeito e solidariedade, as diferenças desaparecem.
O resultado é uma integração profunda: as crianças da Arca encontraram espaço nas equipes, algumas se tornaram peças-chave, e laços de amizade sólidos foram criados. O impacto positivo é visível no desenvolvimento pessoal dos participantes, tanto que a iniciativa foi reconhecida, em 2024, com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade da Prefeitura de São Paulo.
Exemplos de sucesso: da favela da Vila Prudente à Seleção Brasileira
A parceria entre Arca e PAC coleciona histórias inspiradoras. Um dos marcos foi o Projeto Desembolê, que levou 17 crianças da Arca para uma imersão esportiva, linguística e cultural na França durante a Copa do Mundo de Rugby de 2023. Lá, os jovens brasileiros puderam treinar com jogadores franceses e visitar importantes clubes, como o LOU Rugby, em Lyon, o Rugby Club Suresnes e o Pic Saint Loup. A viagem também ajudou a divulgar internacionalmente o trabalho do PAC e a consolidar a parceria.
Outro destaque é o fortalecimento das categorias femininas do PAC, impulsionado pela presença de meninas oriundas da Arca. Entre elas, Layany da Rocha de Oliveira se tornou referência: começou a jogar rugby aos nove anos na escola do PAC e, hoje, é a capitã do time feminino juvenil que conquistou o título brasileiro em 2024. "Depois que ela começou a jogar rugby, ela teve uma postura mais diferente", afirma Edcarlos Veloso, pai da Layany. "Agora eu sou capitã juvenil e é uma responsabilidade bem grande. Tive que aprender a ser proativa, tive que aprender a me comunicar melhor com as meninas do time", complementa a capitã juvenil.
Além disso, quatro atletas formados a partir da parceria — Anne Karolynne Passos Oliveira, Layany da Rocha de Oliveira, Rafael Cavalcante da Silva e Daniel Henrique Faria Barrozo — conquistaram a Bolsa Atleta, importante apoio para a continuidade de suas trajetórias esportivas.
Mais recentemente, em maio de 2025, Rafael Cavalcante e Daniel Barrozo, que começaram a jogar rugby aos seis anos, foram convocados para a Seleção Brasileira Juvenil, disputando partidas internacionais no Paraguai. A dupla representa não só o talento, mas também a amizade forjada desde a infância no ambiente do rugby, projetando-se agora ao mais alto nível esportivo.
Impacto social e expansão
Para o Pasteur Athlétique Club, a parceria com a Arca reforça sua identidade como agente socioeducativo, comprometido com a prática e a promoção dos valores do rugby. Atualmente, cerca de 75% dos atletas do clube estão em situação de vulnerabilidade social, o que evidencia o alcance da transformação gerada.
Fundado em 1964 por um grupo de amigos franceses apaixonados pelo esporte, o PAC se consolidou como uma referência nacional, com o lema “Rugby pour la vie” (rugby para a vida). O clube também investe na expansão das equipes femininas, promovendo o empoderamento de meninas em um ambiente tradicionalmente masculino, fortalecendo aspectos como confiança, liderança e protagonismo.
Para a Arca, que atua nas áreas de educação e assistência social promovendo oportunidades de formação e ampliação de horizontes, a inclusão pelo esporte é uma frente totalmente alinhada à missão da instituição.
A história construída ao longo desses mais de dez anos comprova o poder do esporte como ferramenta de transformação social, inclusão e desenvolvimento, mostrando que, quando os valores certos entram em campo, todos saem vencedores.
Link do vídeo editado para a inscrição do Selo de Direitos Humanos e Diversidade da Prefeitura de São Paulo, 2024: https://youtu.be/TicAWUBdCvA?si=Ct7-KHTfAnpxRkfJ
Contatos
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