São Paulo Comissões
Como líderes podem usar o tempo a seu favor no mundo digital
Evento organizado pela Comissão Mundo do Trabalho da CCIFB-SP debateu produtividade, inteligência artificial e gestão eficiente da rotina
A Comissão do Mundo do Trabalho da CCIFB-SP promoveu, no dia 30 de maio, o evento presencial “O Tempo como Recurso Estratégico: Ferramentas para Líderes Modernos”, reunindo associados e convidados em torno de um tema cada vez mais atual: como gerir o tempo de forma inteligente em um mundo mediado por tecnologia. A conversa foi conduzida por Raquel Busnello, líder da comissão, e contou com as participações de Mohamed-Ali Baccar (Dali), fundador e CEO da Streeme.io, e Sara Isabel Behmer, fundadora da BLUE Treinamento e Desenvolvimento.
Os convidados trouxeram visões complementares sobre produtividade, inteligência artificial e organização pessoal. Dali, com sua experiência à frente de uma startup de tecnologia, falou sobre como as ferramentas digitais podem ampliar a performance de equipes, mas também alertou para o risco de uma relação superficial com o tempo. “A tecnologia não resolve tudo. É preciso entender qual valor queremos gerar com o tempo que temos”, destacou.
Sara, especialista em desenvolvimento humano, compartilhou sua rotina estruturada e métodos de organização. Com ferramentas como Notion, Jira, Superhuman e Text integradas ao desktop, ela enfatizou a importância de uma lógica pessoal por trás de cada sistema. “A tecnologia é funcional, mas ela só funciona se estiver a serviço de uma estrutura clara. A regra para mim é tocar no e-mail uma única vez”, disse.
Apesar da fluência tecnológica, Sara contou que esse repertório foi construído aos poucos. “Quando comecei, trabalhava numa startup na França. Todos eram mais jovens que eu. Precisei aprender na marra, assistindo a tutoriais em português no YouTube.” Para ela, o segredo está na curiosidade e na disposição para testar, errar e ajustar.
Durante o debate, a inteligência artificial surgiu como uma aliada promissora — desde que bem conduzida. Dali descreveu a IA como um “multiplicador de capacidade” que exige direção humana. Já Sara brincou ao dizer que trata a IA como uma estagiária: “Ela entrega tudo o que eu peço, mas só se eu souber pedir. Se você não for claro, a resposta não serve.” Ambos concordaram que, para obter bons resultados, é essencial desenvolver a habilidade de formular perguntas precisas.
O público também foi convidado a repensar a ideia de produtividade. “Não se trata de fazer mais, mas de fazer o que importa”, ressaltou. Ele defendeu que o verdadeiro ganho estratégico está na capacidade de decidir onde investir tempo e atenção — algo que nenhuma máquina pode substituir.
Outro ponto alto do evento foi a discussão sobre desigualdade digital. Sara alertou: “vai crescer o fosso entre quem souber usar a IA com criatividade e quem não souber nem que poderia contar com essa ajuda.” Dali complementou: “A nova liderança precisa ter repertório técnico, mas também visão crítica. Saber quando usar uma ferramenta e quando não usar.”
A conversa também passou por temas como equilíbrio emocional, limites pessoais e o papel do autoconhecimento. Sara destacou que sua produtividade começa fora da tela: “Minha manhã inclui água, meditação, leitura e gratidão. É nisso que minha clareza começa.” Para ela, o tempo é um recurso valioso — mas só ganha valor quando alinhado ao propósito.
O encontro terminou com uma provocação da moderadora, Raquel Busnello, que sintetizou o tema do debate: “estamos todos correndo, mas precisamos parar e nos perguntar: correndo para onde? Gestão do tempo não é só uma questão de agenda, mas de intenção.”
Confira algumas fotos do evento: