Entrevistas
Depoimento de Octavio de Barros | Minha jornada com a CCIFB de São Paulo
O vice-presidente relembra sua formação intelectual na França e seu papel ativo na instituição, com destaque para a criação do Observatório Econômico
Minha relação com a CCIFB de São Paulo remonta há cerca de 20 anos quando me candidatei e fui eleito seu conselheiro na excelente gestão de Michel Durand Mura. Foi um momento de imensa alegria fazer parte formalmente de uma comunidade da qual eu já era partícipe ativo, porém informalmente.
Os meus relacionamentos pessoais sempre estiveram ligados à França desde a minha adolescência quando fui aluno do Liceu Franco-Brasileiro no Rio de Janeiro. Desde então, a minha vida intelectual se abriu para um mundo novo, intelectualmente rico onde eu entrava em contato pela primeira vez com uma robusta referência cultural que acabou pautando a minha vida para sempre.
Mais adiante, economista atuando no setor público (Universidade de Campinas, Governo do Estado de S. Paulo, Ministério da Fazenda, Banco Central etc) e depois para instituições financeiras privadas, fui beneficiário de tudo que aprendi na França onde fiz o meu mestrado e doutorado na Universidade de Paris X. Em seguida trabalhei como pesquisador convidado na OCDE em Paris devido ao meu passaporte europeu de cidadão português. À guisa de ilustração, não por coincidência, tenho um filho que hoje é doutor pela Sciences Po de Paris e professor de Teoria Política da mesma instituição morando em Paris há 11 anos.
Tudo isso para declarar que devo no mínimo 80% da minha formação intelectual e técnica à França e aos professores franceses que me ensinaram o significado da importância de modelo social e econômico democrático de referência no mundo.
Complementarmente sou membro do Conselho da Aliança Francesa de São Paulo, do Lycée Molière do Rio de Janeiro e membro e do CES-Conselho Econômico e Social da AUF-Agence Universitaire de la Francophonie com sede em Montreal. Em 2013, fui condecorado como Chevalier de la Légion d’Honneur no governo François Hollande.
Contada essa história, considero que fazer parte atuante da CCIFB de São Paulo era o corolário evidente e quase natural de uma história de vida de alguém que ama profundamente a França e que reside uma parte do ano em Paris, há décadas. Meus amigos da comunidade franco-brasileira brincam comigo me chamando de “o mais francês dos brasileiros que eles conhecem”.
O excelente presidente da CCIFB-SP Louis Bazire me honrou com o convite para ser vice-presidente de sua diretoria. Isso foi em 2011. Ele também me abriu uma oportunidade extraordinária de criar e presidir o Observatório Econômico como uma das mais importantes das Comissões da Câmara. O Observatório segue firme até hoje e congrega um número considerável de membros que participam ativamente de nossas iniciativas com boas discussões sobre o cenário econômico.
Depois disso, fui igualmente honrado com sucessivos convites para permanecer no cargo de vice-presidente da Câmara até hoje. Tive o privilégio de participar das diretorias comandadas por profissionais de altíssimo gabarito que muito me ensinaram. Cada um com um peculiar estilo de gestão, todos na busca dos maiores interesses da CCIFB de São Paulo. Registro meus agradecimentos a Benoît d’Iribarne, Roland Bonadona, Thierry Fournier, Sandrine Ferdane, Stéphane Engelhard e Pedro Antonio Gouveia Vieira.
Muito me honra ter conquistado importantes amizades na CCIFB de São Paulo. Para simbolizar esse ativo afetivo que tenho pela Câmara, destaco a minha imensa admiração por Jean Larcher, um ícone de quem tenho o privilégio de contar com a amizade e que muito me inspira até hoje. Igualmente meus sinceros agradecimentos ao Pedro Antonio Gouveia Vieira que promoveu mudanças estruturais de imensa envergadura em uma nova CCIFB de São Paulo mais eficiente e profissionalizada. Junto com a sua gestão, encerro esse ano especial de 2025, no 125º aniversário da Câmara e também a minha jornada como seu vice-presidente. Seguirei fiel amigo da CCIFB-SP.