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Entrevista ESG: “A Capgemini estabeleceu metas ambiciosas de sustentabilidade e implementou diversas estratégias para acompanhar e alcançar esses objetivos.”

Adriano Contrera fala sobre os desafios da governança corporativa e o papel da tecnologia na transição para uma economia sustentável

CEO da Capgemini South LatAm e membro do Managing Board das Américas, Adriano Contrera está à frente de uma equipe com mais de cinco mil profissionais especializados em Transformação Digital e Business Consulting. Ao longo de seus nove anos na empresa, tem se destacado pela liderança em programas de transformação, pelo fortalecimento de iniciativas de diversidade e inclusão, e pelo posicionamento da Capgemini Brasil como referência no mercado, reconhecida como uma das melhores empresas para se trabalhar, segundo o ranking Great Place to Work.

Em 2024, foi reconhecido globalmente como EVP, reflexo de uma trajetória marcada por entregas estratégicas, como a capacitação de mais de quatro mil colaboradores em Inteligência Artificial, além da implantação de um Business Hub e de um Centro de Inovação Aplicada em São Paulo. Essas iniciativas consolidam a Capgemini como uma das principais parceiras de transformação digital e de negócios no país.

Com ampla experiência em consultoria e liderança, Contrera também atua em funções estratégicas nas comissões locais da Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB), da Amcham e da Brasscom, contribuindo para o desenvolvimento do setor e o fortalecimento da inovação no ecossistema empresarial brasileiro.

 

1. Como a Capgemini Brasil integra os princípios de governança corporativa em sua estratégia global e local para garantir transparência, ética e responsabilidade?

A Capgemini Brasil adota uma abordagem integrada e alinhada à estratégia global do grupo, incorporando os princípios de governança corporativa de forma estruturada e efetiva. Entre as iniciativas, estão a criação de comitês dedicados à supervisão de práticas ESG e à conformidade regulatória, além da implantação de diretrizes como o Código de Ética e o Código de Conduta para Fornecedores, ambos aplicados em todas as unidades, com atenção às especificidades culturais e legais do Brasil.

Com mecanismos robustos de controle e gestão de riscos, a empresa busca garantir integridade nas operações, mitigando riscos reputacionais e financeiros. Esse compromisso com a transparência e a responsabilidade também se reflete no diálogo contínuo com acionistas, clientes, colaboradores e comunidades, integrando suas expectativas na formulação de políticas. 


2. Quais são os principais desafios enfrentados pela Capgemini ao implementar políticas de governança que alinhem os interesses dos acionistas, colaboradores e demais stakeholders?

A implementação de políticas de governança na Capgemini envolve desafios relevantes, que exigem equilíbrio, agilidade e comprometimento em todos os níveis da organização. Um dos principais pontos é a conciliação de interesses diversos: alinhar as expectativas de acionistas, colaboradores e sociedade implica buscar constantemente o equilíbrio entre rentabilidade, responsabilidade social e sustentabilidade.

Outro desafio está na adaptação às mudanças regulatórias. A evolução contínua das normas, tanto em âmbito local quanto internacional, exige atualização ágil de políticas, processos e mecanismos de conformidade. Além disso, o engajamento interno torna-se fundamental: garantir que os princípios de governança sejam compreendidos e incorporados por toda a equipe demanda investimentos constantes em comunicação e capacitação.

Por fim, o monitoramento e a mensuração de impacto permanecem como pilares essenciais da governança eficaz. Avaliar a efetividade das práticas adotadas e sua contribuição para os compromissos ESG é um processo contínuo, que reforça a busca por uma atuação cada vez mais transparente, ética e orientada para o longo prazo.
 

3. De que forma a Capgemini Brasil promove uma cultura organizacional baseada em ética e conformidade, e como isso se reflete no engajamento dos colaboradores?

A Capgemini Brasil promove uma cultura ética sólida, baseada em princípios de integridade, respeito e responsabilidade. Essa cultura é fortalecida por meio de programas contínuos de treinamento e sensibilização, que abordam temas como ética corporativa, conformidade e direitos humanos. Os colaboradores contam com canais de denúncia seguros e confidenciais, assegurando proteção ao denunciante e incentivando a transparência nas relações internas.

A liderança exemplar é um dos pilares desse ambiente ético. Os líderes são incentivados a agir como modelos de conduta, reforçando, no dia a dia, os valores que sustentam a atuação da empresa. A ética também está integrada aos processos de gestão de pessoas, com critérios éticos considerados desde a seleção de talentos até as avaliações de desempenho. Paralelamente, os Grupos de Diversidade atuam de forma ativa na promoção da equidade e da inclusão, incentivando o diálogo e a conscientização entre equipes diversas.

Esse compromisso ético e humano contribui diretamente para o engajamento dos colaboradores, que se sentem parte de uma organização transparente e responsável, contribuindo para a retenção de talentos e para a construção de uma reputação sólida.

Aliando valores humanos à inovação, a Capgemini se posiciona na vanguarda da transformação tecnológica, sendo reconhecida globalmente por sua atuação em Inteligência Artificial e IA Generativa. A diversidade também ocupa papel central na estratégia corporativa. Atualmente, as mulheres representam 39,7% da força de trabalho e 29% das posições de liderança executiva, com a meta de alcançar 30% ainda este ano. A valorização do bem-estar e do desenvolvimento dos colaboradores se reflete nos mais de 25,7 milhões de horas de treinamento realizadas apenas em 2024.

Com uma estrutura robusta de governança, forte foco em cibersegurança e proteção de dados, e um Conselho de Administração diverso e independente, a Capgemini segue orientada por altos padrões éticos. Seu ecossistema de inovação, formado por parcerias com líderes em tecnologia e instituições acadêmicas, impulsiona a pesquisa e o desenvolvimento de soluções de impacto real para seus clientes e para a sociedade.

 

4. Como a Capgemini acompanha e reporta os indicadores de governança e ESG, e quais são as metas para fortalecer ainda mais essas áreas nos próximos anos?

A empresa estabeleceu metas ambiciosas e vem avançando de forma consistente para transformar seu impacto ambiental, e o de seus clientes, em uma força positiva para o planeta.

Entre os compromissos, está o de alcançar a neutralidade de carbono em suas operações até 2025 e se tornar uma empresa NetZero até 2040. O plano, no entanto, tem avançado tão rapidamente que essa última meta foi antecipada em 16 anos, sendo atingida já em 2024. Desde 2019, a Capgemini já reduziu 93% das suas emissões dos escopos 1 e 2, resultado de iniciativas como o programa Nossa Energia, Nosso Planeta, que promove o uso de energia limpa em escala global.

Esse movimento está diretamente ligado ao compromisso da empresa com o RE100, que visa a transição para 100% de eletricidade renovável até 2025. Em 2024, a Capgemini já havia alcançado 98% desse objetivo.

Outro ponto fundamental está na mobilidade. A empresa tem trabalhado para reduzir as emissões de viagens de negócios e deslocamentos de funcionários em 55% até 2025, comparado ao cenário de 2019. As metas são claras e mensuráveis: 0,48 tCO₂e por funcionário em viagens de negócios e 0,55 tCO₂e no deslocamento diário, já em 2024.

Mas o impacto da Capgemini vai além das fronteiras da própria operação. A empresa tem como meta ajudar seus clientes a economizar 10 milhões de toneladas de CO₂e até 2030, contribuindo diretamente para uma economia de baixo carbono em escala global.

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