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Entrevista ESG: “Mais do que um conceito, ESG representa um conjunto de atitudes que exigem compromisso e articulação entre governos, empresas e sociedade”

José Carlos Vieira Júnior, CEO da Drum Brasil, fala sobre a cultura e a economia criativa como motores de transformação e desenvolvimento sustentável

Empreendedor paulistano, José Carlos Vieira Junior iniciou sua trajetória profissional aos 20 anos, construindo uma sólida carreira no setor de Comércio Exterior. Com passagens por cargos de liderança, chegou à diretoria de marketing e vendas para a América Latina, participando de missões internacionais na Europa, América Latina, Estados Unidos e Ásia.

Em 2012, decidiu retornar ao empreendedorismo, com destaque no universo do Carnaval, onde foi responsável por captar patrocínios expressivos para desfiles premiados, entre eles, o título conquistado pela Vila Isabel em 2013, com um enredo em homenagem ao agricultor brasileiro.

Com ampla experiência em gestão de projetos, marketing e inovação, e alinhamento com os princípios de ESG, tecnologia e compliance, passou a atuar de forma estratégica no setor cultural. É idealizador de iniciativas como o Fórum Cultura + Diversidade, o Congresso Brasileiro da Cultura, Cultura Maker, Meninas Pretas das Favelas na Ciência, Tecnologia e Robótica, e o Festival Literário Rio Diversidade.

A partir dessas ações, tem promovido inclusão, valorização cultural e diversidade, sempre com o compromisso de incorporar inovação e impacto social como eixos centrais de sua atuação.
 

1. Como a Drum Brasil enxerga o papel da cultura e da economia criativa na promoção do desenvolvimento social no Brasil?

A cultura transforma e, por meio dela, é que reconhecemos a identidade de um povo, refletida em seus comportamentos, relações humanas e formas de enfrentar desafios, moldados por influências históricas que conferem maior ou menor pluralidade às suas expressões. A Economia Criativa está totalmente inserida dentro desse contexto porque ela pode e deve assumir um papel central na preservação e valorização da nossa cultura. 

Nossas ações apontam para mostrar a importância da cultura e da economia criativa como   como vetores de inclusão social e desenvolvimento econômico, ao promover uma transição justa que respeita e integra todas as formas de diversidade. Fazemos isso com o Fórum Cultura+ Diversidade, por exemplo.

 

2. De que forma a diversidade e a inclusão são integradas às estratégias de ESG social da Drum Brasil?

Nossa empresa nasceu sustentada por três pilares fundamentais: inovação, inclusão e transformação. Desde o início, incorporamos os princípios ESG ao centro da formulação e execução dos nossos projetos, com destaque para o Fórum Cultura + Diversidade na Inovação, Tecnologia e ESG, nossa iniciativa mais representativa.

Em todos os nossos projetos, buscamos promover a capacitação e a inclusão como parte de uma proposta de país mais moderno, inovador e inclusivo. Nosso compromisso é levar novas competências, ferramentas e conceitos às camadas sociais mais vulneráveis, começando pela introdução dos próprios fundamentos ESG, ainda pouco difundidos mesmo entre estudantes universitários com maior acesso à informação. O desafio é ainda maior nas realidades com menos acesso à educação.

 

3. Quais metodologias a Drum Brasil adota para mensurar o impacto social de seus projetos e ações culturais?

Nossa trajetória foi construída sobre modelos simples, baseados na adesão de parceiros estratégicos: empresas nacionais e internacionais, entidades, lideranças sociais e grandes organizações, que, de forma contínua e sistemática, vêm apoiando nossos projetos ao longo de mais de uma década.

Hoje, reconhecemos que esses projetos representam um grande volume de dados, uma verdadeira “big data”, que exige novas formas de análise e avaliação. Estamos em processo de desenvolvimento de métricas mais modernas e eficazes para mensurar os impactos gerados e aprimorar nossas entregas.

 

4. Qual é a importância da colaboração entre o setor privado e organizações culturais na promoção de boas práticas ESG, especialmente no contexto da presença francesa no Brasil?

Mais do que um conceito, ESG representa um conjunto de atitudes que exigem compromisso e articulação entre governos, empresas e sociedade. Nesse cenário, a França tem se destacado ao apresentar, por meio de suas empresas, modelos consolidados que servem como referência e inspiração para o Brasil.

Implementar práticas ESG demanda tempo, experiência e, acima de tudo, determinação. É um processo que avança mesmo diante de eventuais resistências, seja por parte da sociedade ou do poder público. Ainda assim, seguimos firmes em nossa missão: transformar realidades por meio de projetos que, em diferentes aspectos culturais e sociais, promovam a transformação de pessoas comprometidas com a adoção desses valores e com a mudança dos territórios onde atuam.

Nosso papel é ser espaço de fala para quem tem lugar de fala. Nesse sentido, convidamos as empresas francesas a ocuparem esse espaço conosco. A Câmara de Comércio França-Brasil tem sido uma aliada estratégica nessa jornada, que reconhecemos como desafiadora, mas essencial.

Seguimos com a certeza de que essa construção, conjunta entre a CCIFB, empresas francesas, Drum Brasil e nossos parceiros apoiadores, é o caminho para promover uma transformação real e duradoura.

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