São Paulo Entrevistas

Entrevista ESG: “Cuidar das pessoas é cuidar do futuro do nosso negócio”

Laurent Delache, CEO da Foundever no Brasil, fala sobre os compromissos da empresa com ESG, diversidade e impacto social

Com mais de 30 anos de experiência em empresas multinacionais, Laurent Delache construiu uma trajetória sólida em posições de liderança, contribuindo de forma estratégica para o crescimento de diversas organizações. No Brasil desde 1991, ele atua desde 2018 como CEO da Foundever no país, empresa global referência em serviços de BPO e soluções para atendimento e experiência do cliente, atendendo algumas das maiores marcas nacionais e internacionais.

Formado em Administração, Laurent é também um entusiasta do esporte e embaixador oficial do “EverBetter”, programa de bem-estar corporativo da Foundever. Comprometido com iniciativas de impacto social, ele é um dos promotores das ações de ESG da companhia, com destaque para o programa voltado a refugiados, desenvolvido em parceria com a ACNUR.

 

1. Como a Foundever estrutura sua estratégia de ESG no Brasil, e quais princípios norteiam suas ações nas frentes social, ambiental e de governança?

Na Foundever, o ESG é um pilar essencial da nossa cultura e modelo de gestão. Como grupo global, desenvolvemos uma estratégia integrada, que desde 2023 se fortalece com a atuação da Foundever.org, nosso braço dedicado à responsabilidade socioambiental. Por meio do movimento #CXforGood, conectamos iniciativas em todos os países onde operamos, garantindo consistência global com impacto local.

No Brasil, essa agenda se traduz em ações concretas que mobilizam nossos colaboradores em torno de causas sociais, ambientais e de governança. Plantios de árvores, programas de voluntariado, campanhas de doação e iniciativas de educação ambiental fazem parte de um calendário robusto, que reflete nossos valores e fortalece o senso de pertencimento. Cuidar das pessoas é cuidar do futuro do nosso negócio, um atendimento humano e eficiente depende de pessoas motivadas e integradas ao propósito da organização. Isso se traduz em governança ética, decisões transparentes e projetos com propósito.

 

2. Quais são os principais compromissos da empresa com diversidade e inclusão, e de que maneira essas agendas se conectam aos objetivos de desempenho e cultura corporativa?

Nosso compromisso está centrado na transformação social. Acreditamos que ambientes diversos são mais criativos, inovadores e engajados. Um marco importante dessa trajetória foi a criação do Programa de Refugiados e Imigrantes, que nos consolidou como uma das maiores empregadoras desse público no Brasil.

Em 2021, reforçamos esse caminho com a parceria com a ACNUR e a adesão ao Fórum Empresas com Refugiados, assumindo a meta de contratar mil profissionais estrangeiros até 2027. A iniciativa está alinhada à nossa cultura corporativa e ao nosso modelo de negócio, promovendo integração social e impacto positivo nas comunidades.

Conectamos ainda todas as ações com a meta de sermos uma empresa Net Zero (neutralidade de emissões de carbono) até 2050, com práticas ambientais contínuas como plantio de árvores, workshops mensais de educação ambiental, coleta de resíduos recicláveis, incentivo ao voluntariado e muitas outras ações. ESG, para nós, é uma prática viva e integrada ao cotidiano da organização.

 

3. Dentro desse contexto, como surgiu a decisão de desenvolver um programa de contratação de refugiados, e como a parceria com a ACNUR tem contribuído para sua implementação?

A decisão nasceu no dia a dia da operação.  Em 2015, ao contratar um pequeno grupo de venezuelanos, percebemos que além de suprir a demanda por atendimento em espanhol, estávamos incorporando talentos com alta resiliência e desejo de contribuir. Essa experiência nos levou a transformar a iniciativa em uma política institucional.

A virada veio em 2019, quando o programa ganhou estrutura formal, com processos adaptados e um olhar atento às particularidades desse público. Em 2021, fortalecemos essa trajetória com parcerias estratégicas com a Tent Partnership for Refugees e a ACNUR, que trouxeram legitimidade, conhecimento técnico e acesso a redes fundamentais para a expansão do projeto.

Hoje, somos reconhecidos como referência. O modelo que construímos é replicável, está em constante evolução e se apoia em escuta ativa e aprendizado contínuo, princípios que reforçam nosso compromisso com a inclusão e o impacto social.

 

4. Quais foram os principais desafios e aprendizados no processo de acolhida, capacitação e retenção desses profissionais no ambiente da Foundever? Que resultados já podem ser observados, e quais os próximos passos?

O idioma foi um dos primeiros desafios e nos ensinou que inclusão vai além da contratação, exige adaptações profundas.

Ao perceber que muitos candidatos estrangeiros não falavam português, redesenhamos toda a jornada do colaborador, do processo seletivo ao dia a dia. Contratamos profissionais bilíngues em recrutamento, treinamento, comunicação e RH, além de adaptar materiais e fluxos, garantindo uma experiência mais acessível e acolhedora.

O preparo da liderança também foi fundamental. Investimos em capacitações para que gestores estivessem prontos para receber, integrar e desenvolver esses talentos.

Mais do que ajustes operacionais, promovemos uma verdadeira mudança cultural. O impacto se reflete no aumento do engajamento, no fortalecimento de uma cultura inclusiva e no reconhecimento institucional. Até agora, centenas de profissionais já foram contratados, e seguimos firmes rumo à meta de mil contratações até 2027.

O que nasceu como uma solução pontual se consolidou como pauta estratégica. Seguimos avançando com a convicção de que um futuro mais justo, inclusivo e sustentável se constrói todos os dias com ações consistentes, pessoas engajadas e propósito claro.

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