São Paulo Entrevistas

Modernização, expansão e futuro: a visão de Pedro Antonio para a CCIFB-SP

Do seu mandato como presidente às iniciativas que agora fortalecem a expansão territorial da instituição

Com décadas de envolvimento com a comunidade franco-brasileira, Pedro Antonio revisita os avanços estruturais que marcaram sua gestão, comenta a criação das Antenas no Nordeste e fala sobre sua atuação atual como Diretor de Desenvolvimento Regional, conduzindo a estratégia de ampliar a presença da CCIFB pelo Brasil.

 

Você poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória na CCIFB até o momento, que inclui a presidência Nacional e a reeleição à presidência da CCIFB-SP?

Desde que comecei a trabalhar aos 17 anos, no Rio de Janeiro, sempre estive muito próximo da CCIFB. O Gouvêa Vieira Advogados sempre foi reconhecido por sua importante clientela francesa, de modo que era natural para mim frequentar a CCIFB. Participava de reuniões de comissões e dos eventos sociais, incluindo o jantar de final de ano, que é o evento marcante da comunidade francesa. Aqui vale destacar que meu tio Antonio Alberto Gouvêa Vieira foi eleito Presidente da CCIFB-RJ nos anos 90, situação que me fez estar ainda mais presente na vida da Câmara   Ao me mudar para São Paulo há 20 anos, o Escritório ingressou como membro institucional da CCIFB-SP. Comecei a participar das reuniões de conselho e a entender o funcionamento da Câmara.

Em 2018 Thierry Fournier me convidou para fazer parte da Diretoria da CCIFB-SP. Para mim foi muito interessante pois foi na sua gestão que começou a reflexão de modernizar a CCIFB-SP, com debate sobre assuntos como governança e foco nos associados.
Ao assumir a Presidência Nacional em 2019, Sandrine Ferdane me pediu para permanecer na diretoria e, também na sua administração, debatemos de forma intensa o futuro da CCIFB. No meio de seu mandato Sandrine foi chamada para ocupar cargo de destaque no BNPParibas em Paris e Stephane Engehardt assumiu a Presidência e eu fui convidado a ocupar o seu lugar como Vice-Presidente da CCIFB-SP.  Já contei as circunstâncias pelas quais me tornei Presidente Nacional da CCIFB em 2020.

De fato, minha Presidência à frente da Cãmara de Comércio França-Brasil iniciou-se por acaso, no dia seguinte às comemorações dos 120 anos da Câmara, que fizemos de forma presencial reservada, mas online para nossos associados, pelas razões sanitárias que conhecemos.  Dias antes do evento, fui inesperadamente convidado para ser Presidente, em razão de assuntos externos à Câmara. Esse convite não passava pelo meu espírito. Portanto recebi com surpresa. Recusei, pois acreditava que um colega estava mais apto do que eu para exercer esse importante cargo.

Mas houve alguma insistência e não pude manter a recusa. Nos dias seguintes, iniciei uma profunda reflexão, conversando com muitos colegas da comunidade, para quebrar paradigmas e revolucionar a Câmara. Na Assembleia Geral da CCIFB em abril de 2021, fui eleito Presidente da CCIFB-SP, já tendo imprimido um ritmo forte de modificação e modernização da CCIFB-SP.  Diante do profundo, reconhecido e revolucionário trabalho que fizemos entre 2020 e 2023, fui reeleito Presidente Nacional da CCIFB na AGO de abril de 2023. Permaneci como Presidente Nacional da CCIFB até 30 de abril de 2025.     


Quais são suas prioridades para a expansão da Câmara pelo Brasil, especialmente com o projeto de nacionalização e as novas Antenas no Nordeste?

A implantação das Antenas no nordeste do Brasil [Fortaleza, Recife e Salvador] foram essenciais para a Câmara de Comércio exercer o seu “soft-power”. Agrega valor para os associados que, em sua maioria, tem operações naquela região. Os eventos de abertura das antenas já mostraram a importância dessa expansão, atraindo empresários e autoridades da região.

A expansão natural da Câmara será para o Centro-Oeste do Brasil, para capturar a força daquela região, sobretudo no segmento do agronegócio. 
 

Como avalia o papel da CCIFB no fortalecimento das relações econômicas, culturais e comerciais entre França e Brasil?

A CCIFB tem um papel central no fortalecimento das relações econômicas, culturais e comerciais entre França e Brasil. Nossa força essencial são os nossos associados que, em conjunto, formam uma rede poderosa auxiliando a CCIFB a desempenhar, dentre outras atividades, o seu papel de apoio do Team France, nos diversos níveis de relação entre os dois países. A temporada França Brasil de 2025 é um excelente exemplo da parceria da CCIFB e dos seus associados, junto aos diversos agentes do Team France. Foram 18 meses de intenso trabalho.   


Quais são os principais desafios e oportunidades que enxerga para a cooperação bilateral nos próximos anos?

Existem alguns desafios, sendo que destacaria a questão envolvendo a preservação da Amazônia e o comércio entre os dois países que é muito baixo se comparado aos investimentos. Temos que lembrar que a França é o 2º maior investidor estrangeiro no Brasil. Esses assuntos também são oportunidades. A Amazonia é um ativo enorme do Brasil. Poderia ser “explorado” mediante parcerias com a França e outros países para sua preservação sustentável. O mesmo serve para o comércio entre os dois países. O Acordo EU-Mercosul poderá destravar o comércio entre a França e o Brasil. Atualmente há algumas questões para a sua assinatura pela França, mas creio ser uma oportunidade inevitável, em razão dos ajustes geopolíticos em andamento. Vejo as áreas de defesa, tecnologia e de minerais como essenciais para a cooperação bilateral. Temos já casos concretos como o programa de submarinos. Em tecnologia, as fintechs brasileiras poderão investir na França ou transferir tecnologia.     
 

A Câmara tem promovido projetos de inovação, sustentabilidade e inclusão social. Como a atuação da CCIFB contribui para gerar impacto positivo nesses setores?

Promovendo parcerias – como as feitas com a ARCA e a FAS e também fomentando o debate sério e profundo por meio de suas comissões.  


Em sua experiência, quais iniciativas têm se mostrado mais eficazes para aproximar investidores e empresas de ambos os países?

Para resumir: há três formas eficazes de aproximar investidores. A primeira é o conhecimento do país no qual se vai investir em todos os seus aspectos. Nessa questão, o Team France e a CCIFB desenvolvem um papel chave. Cabe destacar o papel relevante da Business France na atratividade da França. A segunda é o acompanhamento da empresa que toma a decisão de investir. Finalmente, ter bons profissionais assessorando os investidores, sem conflito de interesses.   

 

 

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