São Paulo A Câmara
Futuro em pauta: 4º Fórum de Bioeconomia & Sustentabilidade CCIFB
Evento feito em parceria com a ONG Dia da Terra Brasil reuniu líderes para debater inovação, financiamento e preservação da Amazônia rumo à COP30
Imagine um futuro em que a economia e a natureza caminham lado a lado, e a inovação brasileira é a chave para moldar um planeta mais verde. É essa a visão apresentada pelo 4º Fórum de Bioeconomia & Sustentabilidade CCIFB, realizado no dia 28 de agosto, na Biblioteca Parque Villa-Lobos, em São Paulo (SP). O evento, produzido pelo segundo ano em parceria com a ONG Dia da Terra Brasil, reuniu empresas e especialistas para debater como a ciência, a tecnologia e a colaboração entre todos os setores podem reduzir as emissões de CO₂ e construir cadeias produtivas que, de fato, deixam um legado positivo, especialmente com a COP30 se aproximando.
A abertura do evento foi conduzida por Arthur Wong, da Schneider Electric, pelos organizadores Cyrille Bellier e Raquel Busnello, da CCIFB-SP, e Mozart Mesquita, do Dia da Terra Brasil.
Carina Mendonça Pimenta, Secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente, iniciou o primeiro painel do evento destacando seu engajamento pessoal com a bioeconomia e a importância de enxergar o setor como uma “agenda de soluções” capaz de integrar produção econômica e conservação ambiental. Ela detalhou mecanismos de financiamento como o EcoInvest e o Fundo de Florestas Públicas para Sempre, que mobilizam recursos para restauração de terras e preservação florestal, mostrando que políticas regulatórias são essenciais para viabilizar negócios sustentáveis. Pimenta também abordou o Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, enfatizando a biotecnologia para saúde, a diversificação de matrizes produtivas e a agregação de valor industrial, e concluiu reforçando a necessidade de participação coletiva para consolidar políticas de longo prazo e promover inovação aliada à redução de desigualdades.
No Painel 1, “Bioeconomia, inovação e cadeias produtivas sustentáveis”, os participantes ressaltaram o potencial do Brasil em biodiversidade, agronegócio inovador e matriz energética limpa. O moderador, Jean-Pierre Cantaux (Canopée), lembrou a posição estratégica do país, enquanto Paulo Monteiro dos Reis, da ASSOBIO, destacou a necessidade de alinhar o desenvolvimento urbano amazônico à bioeconomia. Flávia Toqueti, da OKA Bioembalagens, mostrou como transforma fécula de mandioca em embalagens biodegradáveis, gerando renda em comunidades locais. Já Manuela Abiola Carcani, da CNP Seguradora, explicou como seguros e investimentos podem impulsionar negócios de impacto, como no projeto desenvolvido com comunidades amazônicas.
O Painel 2, “Mecanismos de financiamento para a bioeconomia e soluções baseadas na natureza”, moderado por Isabela Yanez (Rever), trouxe exemplos de como o capital pode apoiar a transição verde. Hannah Corina Lemos, da Global Canopy, defendeu o uso de métricas e dados para orientar investimentos que combatam o desmatamento. Danilo Zelinski, da KPTL, falou sobre os riscos e oportunidades de financiar projetos na Amazônia e explicou como fundos híbridos, como Ponto Floresta e Clima, combinam diferentes tipos de capital para reduzir riscos e ampliar a escala. Já Caio Agmont, da Ages, mostrou o potencial da bioeconomia para a saúde e a longevidade, destacando compostos bioativos da Amazônia que podem ser transformados em soluções escaláveis com impacto social e ambiental.
No Painel 3, “Mudanças climáticas e as cidades que precisamos sonhar”, moderado por Mozart Mesquita (Dia da Terra Brasil), a discussão girou em torno do papel das cidades no enfrentamento da crise climática. Marina Bragante, vereadora em São Paulo, afirmou que a “virada de chave” ecológica é essencial para melhorar a qualidade de vida e enfrentar desafios urbanos. Laurent Delache, da Foundever, apresentou iniciativas que integram bem-estar humano e ambiente urbano. Já Carla Klein, da Saint-Gobain, mostrou soluções práticas para descarbonizar a construção, como reciclagem de vidro, uso de biomassa de açaí e biometano de aterros, conectando inovação a economias locais.
Painéis de Insights
O Fórum contou também com painéis de insights, que trouxeram iniciativas e dados estratégicos sobre sustentabilidade. Cyrille Bellier, da Utopies – Rever, apresentou a ACT, ferramenta que apoia empresas na criação de planos climáticos alinhados a acordos globais. Francisca Viudes, da Futura Headquarter, mostrou como resíduos agrícolas podem virar biochar, com benefícios ambientais e sociais. Rafael Pisetta apresentou uma pesquisa da Ipsos que revelou: 73% dos brasileiros percebem o aumento de temperaturas e eventos extremos, mas a maioria considera que o país ainda avança pouco em sustentabilidade — percepção que reforça a necessidade de mais integração, colaboração e pragmatismo nas ações corporativas. Já Pierre Lussier relembrou sua trajetória do Earth Day Canada à criação da rede de recarga Papillon, exemplo de mobilidade elétrica apoiada por políticas públicas e engajamento social.
Iniciativas de Cooperação França-Brasil
O evento também destacou parcerias França–Brasil em bioeconomia e agroindústria. André Jurgens Rios, da Business France, apresentou a missão técnica que aproximou empresas dos dois países que atuam com tecnologia na agricultura e alimentação e bioeconomia da floresta, com foco em soluções sustentáveis e valorização de agricultores locais. Já Edane Acioli, da AFD - Agence Française de Développement, apresentou o projeto AMABIO, que combina financiamento e assistência técnica para apoiar startups, cooperativas e ONGs, fortalecendo a produção sustentável e ampliando a cooperação na América Latina.
Cardápio sustentável
Na pausa para almoço, os participantes do evento puderam experimentar receitas desenvolvidas pelas chefs Cássia Cazita e Dani Lisboa. O cardápio, que privilegiou ingredientes orgânicos, frescos e contemporâneos, serviu como um momento para networking e demonstrou a importância de uma gastronomia sustentável.
Patrocinadores e apoiadores
O 4º Fórum de Bioeconomia & Sustentabilidade CCIFB foi patrocinado pelas seguintes empresas, a quem a CCIFB e a ONG Dia da Terra Brasil agradecem:
- Patrocínio Gold: Carrefour
- Patrocínio Silver: Capgemini, CNP Seguradora, Saint-Gobain
- Apoio: Pluxee, Veolia
- Apoio especial: Canopee, Rever Consulting, RH Busnello’s Solution, Utopies, SP Leituras, Biblioteca Parque Villa-Lobos, Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo
Confira as fotos do evento (imagens de Edna Marcelino): https://drive.google.com/drive/folders/11OYvnjRJeTU-d5_sagP6J87Xlzq-A3kB