São Paulo Comissões
Gestão de riscos no comércio exterior: como proteger sua empresa
Evento organizado pelas Comissões de Comunicação & MKT e Comércio Exterior da CCIFB-SP discutiu estratégias de mitigação de riscos com especialistas.
No dia 6 de maio, as Comissões de Comunicação & Marketing e de Comércio Exterior da CCIFB-SP promoveram o encontro híbrido “Gestão de Riscos no Comércio Exterior”, com a presença de especialistas da Coface: Isabelle Heude (Chief Commercial & Operating Officer), Ricardo Costa (Middle Market Country Head) e Patricia Krause (Economista-Chefe LATAM). A mediação foi conduzida por Jean Saghaard e Sueli de Freitas Verissimo, líderes das comissões organizadoras.
Isabelle Heude destacou os principais desafios enfrentados pelas empresas, especialmente no contexto atual de incertezas. Ela enfatizou que a confiança deve ser acompanhada de informações precisas. “Em um mercado tão dinâmico e desafiador, a informação é o melhor antídoto contra a incerteza. Conhecer bem seu cliente pode evitar surpresas desagradáveis, especialmente quando se trata de inadimplência”, afirmou. “Quando você vende, não está apenas entregando um produto, está entregando a sua reputação, e, muitas vezes, o risco financeiro também. Por isso, é essencial conhecer a fundo os seus clientes.” Ela também comentou sobre a importância do uso do seguro de crédito, uma ferramenta estratégica ainda pouco explorada no Brasil, mas de grande relevância para a proteção das empresas contra riscos financeiros.
A discussão seguiu com a análise das repercussões das tensões comerciais globais, especialmente a guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China. De acordo com Patrícia Krause, Economista-Chefe LATAM da Coface, essa disputa tem gerado efeitos indiretos significativos sobre os preços das commodities e a inflação, impactando diretamente países exportadores como o Brasil. Segundo ela, “a guerra comercial entre Estados Unidos e China levou a um aumento significativo dos estoques e à queda dos preços das commodities, o que afetou negativamente a produção e os preços globais. As empresas brasileiras, por sua vez, tiveram que lidar com o impacto dessa desaceleração econômica e com um cenário cada vez mais difícil.” Patrícia também destacou que, devido à forte dependência de commodities como petróleo, carne e açúcar, o Brasil enfrenta grandes desafios para diversificar suas exportações, o que limita seu potencial no mercado global. A diversificação, como ela observou, é fundamental para garantir a competitividade do país no comércio internacional.
Ricardo Costa, Middle Market Country Head da Coface, explicou o funcionamento do seguro de crédito, destacando sua importância para empresas que desejam minimizar os riscos no comércio exterior. “Contratar um seguro de crédito pode ser o diferencial que uma empresa precisa para se destacar no mercado internacional. Ele não só oferece proteção contra inadimplência, mas também fortalece a capacidade de prospecção e a competitividade das empresas. O seguro de crédito é uma ferramenta essencial para alavancar o crescimento, especialmente para empresas que desejam expandir suas operações e explorar novos mercados com maior segurança”, afirmou. Ele reforçou que, em um cenário global de incertezas econômicas, o seguro de crédito pode ser uma solução eficaz para proteger as empresas de perdas financeiras causadas por inadimplência.
Os palestrantes também abordaram a importância de se adaptar a um contexto de crescimento das recuperações judiciais no Brasil, que aumentaram cerca de 50% entre 2024 e 2025, o que reflete a necessidade urgente de soluções que ajudem a prevenir danos financeiros causados por inadimplência. A falta de proteção adequada, como o seguro de crédito, tem sido um dos principais fatores responsáveis pela deterioração da saúde financeira das empresas, que acabam enfrentando dificuldades para cobrir perdas com clientes inadimplentes. O seguro de crédito, portanto, não é apenas uma forma de proteção, mas uma chave para o crescimento sustentável, permitindo que as empresas se expandam com maior segurança.
A palestra também fez uma análise detalhada do impacto das recentes recuperações judiciais no Brasil, como os casos das empresas Americanas, Bombril e Novo Mundo, que envolveram milhares de fornecedores prejudicados. A falta de mecanismos de proteção contra inadimplência acentua ainda mais a crise financeira enfrentada por essas empresas, o que evidencia que o seguro de crédito não é apenas uma forma de proteção, mas também uma ferramenta estratégica para o crescimento empresarial. “Ele oferece não apenas segurança contra perdas financeiras, mas também a confiança necessária para explorar novos mercados e expandir as operações de maneira mais segura”, explicou Costa. “Essa visão do seguro como uma rede de segurança para as contas a receber, que são o segundo maior ativo das empresas, ajuda a consolidar sua importância no cenário atual de negócios, onde a imprevisibilidade é a única constante”, acrescentou.