São Paulo Entrevistas
Inovação, conexões e impacto bilateral: a atuação de Béatrice Mayence na CCIFB-SP

Saiba como a Diretora de Tecnologia & Inovação planeja fortalecer a digitalização e ampliar a cooperação entre França e Brasil.
Com duas décadas de experiência no Brasil, a executiva franco-brasileira quer impulsionar a transformação digital dos associados, aproximar ecossistemas e posicionar a Câmara como ponte estratégica entre inovação e economia
Com 20 anos de experiência no Brasil, a executiva franco-brasileira construiu uma trajetória que une liderança em grandes corporações, atuação em startups inovadoras e forte conexão entre os ecossistemas da França e do Brasil. Sua vivência internacional e sua visão voltada para crescimento sustentável a prepararam para assumir a Diretoria de Tecnologia & Inovação da CCIFB-SP.
À frente da área, ela trabalha para impulsionar a transformação digital dos associados, fortalecer cooperações tecnológicas entre os dois países e posicionar a Câmara como uma ponte estratégica entre inovação e economia. Nesta entrevista, compartilha suas prioridades, reflexões sobre liderança e o impacto humano da tecnologia. Confira:
Você poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória até chegar à Diretoria de Tecnologia & Inovação da CCIFB-SP?
Cheguei ao Brasil há 20 anos. Durante esse tempo, aprendi muito, empreendi e atuei em cargo de liderança tanto em grandes corporações quanto em startups pioneiras, levando-as a um nível internacional, abrindo filiais e formando equipes multiculturais e multidimensionais.
Meu foco sempre foi o desenvolvimento e o crescimento sustentável em ambiente internacional e complexo. Meu DNA internacional naturalmente me levou a trabalhar com um olhar voltado para a conexão França–Brasil.
As relações França–Brasil representam um terreno muito fértil, cheio de oportunidades, e fico muito feliz em poder apoiar organizações a compreender melhor esse ecossistema e criar conexões de valor dentro dele.
Quais são suas principais metas e prioridades na condução dessa área dentro da Câmara?
São 3 eixos de trabalho:
- Acompanhar a transformação digital dos membros
Objetivo: inspirar uma dinâmica de transformação digital e inovação dentro das empresas associadas. - Desenvolver cooperações tecnológicas França–Brasil
Objetivo: criar pontes entre empresas tradicionais e atores inovadores dos dois países. - Consolidar a CCIFB no universo tecnológico
Objetivo: posicionar a CCIFB como uma plataforma essencial que conecta inovação e economia.
Como enxerga o papel da tecnologia e da inovação na aproximação entre empresas francesas e brasileiras?
Mais do que ferramentas, elas são facilitadoras de colaboração, aceleram o compartilhamento de conhecimento e reduzem distâncias culturais e operacionais.
A tecnologia cria uma base comum — onde o pragmatismo brasileiro e a precisão francesa se encontram para gerar valor real.
A inovação, por sua vez, amplia essa conexão, trazendo novas formas de pensar, liderar e construir negócios mais sustentáveis e inclusivos.
Quando bem orientadas, tecnologia e inovação não substituem o humano — elas o potencializam, permitindo que as parcerias entre empresas francesas e brasileiras sejam mais estratégicas, ágeis e de longo prazo.
Poderia compartilhar alguns projetos ou iniciativas em desenvolvimento que prometem novidades para os associados?
Temos duas grandes linhas de trabalho em torno da inovação e da tecnologia.
A primeira é promover encontros entre ecossistemas de grandes empresas e startups para troca de ideias e boas práticas. Queremos colocar diretores de inovação e de TI para trocar ideias e boas práticas.
A segunda é trazer cada vez mais tecnologia e inovação para dentro das organizações.
Por isso, estamos buscando formas mais eficientes de abordar temas atuais — como inteligência artificial, por exemplo — de maneira prática e relevante para nossos membros.
Você vive no Brasil há 20 anos. De que forma essa experiência internacional influencia sua visão profissional e pessoal?
Viver há 20 anos no Brasil me trouxe uma combinação única: a capacidade francesa de estruturar e planejar, aliada ao olhar brasileiro para a adaptabilidade e a conexão humana.
Essa vivência entre culturas tão diferentes me ensinou que liderança é, antes de tudo, sobre empatia e curiosidade.
Profissionalmente, isso me permite navegar com naturalidade entre diferentes formas de pensar, conciliando rigor estratégico com sensibilidade relacional.
Pessoalmente, reforçou minha crença de que a diversidade é uma força — e que o verdadeiro impacto nasce quando unimos perspectivas e talentos além das fronteiras.
O que mais te motiva no trabalho com tecnologia e inovação?
É um ambiente cheio de desafios, criatividade e movimento constante — com novidades o tempo todo — que permite ultrapassar os limites do que já existe.
Além disso, hoje a tecnologia deixou de ser um segmento isolado: ela faz parte das nossas vidas e tem um impacto real no mundo.
Ao longo da carreira, você ocupou posições de liderança em setores historicamente dominados por homens. O que considera ter afastado tantas mulheres dessas funções e o que está mudando nesse cenário?
Acredito que o que faltava eram modelos femininos que mostrassem o que é possível e indicassem o caminho.
Hoje, cada vez mais mulheres se unem para se apoiar — falamos de sororidade e de estender a mão às próximas gerações.
Contribuo em diversos grupos para abrir novas oportunidades para mulheres, especialmente por meio de programas de mentoria de startups e de liderança feminina.
Que conselho daria a uma jovem profissional que deseja construir carreira em tecnologia e chegar a um cargo de liderança?
Diria para ela não buscar apenas entender a tecnologia, mas compreender o impacto humano por trás dela.
A tecnologia muda rápido; o que permanece é a capacidade de aprender, conectar e liderar com propósito.
Meu conselho seria: invista tanto em autoconhecimento quanto em competências técnicas.
Tenha coragem de ocupar espaços, pedir apoio e criar sua própria rede de alianças.
Liderar é um ato de construção — e quanto mais autêntica e consciente for a sua jornada, mais sustentável será o seu sucesso.
