São Paulo Entrevistas

Negócios, estratégia e integração: a contribuição de Tamy Tanzilli para a CCIFB-SP

Descubra como a Diretora de PMEs da CCIFB-SP planeja impulsionar o crescimento e a integração das PMEs franco-brasileiras.

Com quase 30 anos de experiência em assessoramento jurídico internacional, a Diretora de PMEs da Câmara de Comércio França-Brasil destaca os desafios culturais, jurídicos e estruturais do mercado brasileiro — e como a CCIFB está se reinventando para apoiar seus associados com networking qualificado, governança e comunicação estratégica.

 

Sua eleição como Diretora de PMEs da CCIFB chega em um momento em que as pequenas e médias empresas francesas têm ampliado sua presença no Brasil. Quais são, em sua visão, os maiores desafios e oportunidades para esse segmento?

Acredito que os maiores desafios são lidar com as barreiras intrínsecas ao mercado brasileiro, como burocracia; tributação complexa; idioma; distância do centro de decisão, pois, geralmente, são filiais de grupos franceses; contratação de pessoas-chave com perfil adequado para lidar com a situação de distanciamento da matriz; déficit de formação em alguns setores de atividade; e custo significativo ligado à necessidade de assessorias especializadas (tributaristas, advogados, despachantes, etc.), o que não é um reflexo natural ou tão necessário na Europa Ocidental hoje em dia.

Agora, com relação às oportunidades, acho que as maiores são a imensidão do mercado brasileiro (O Brasil encerrou 2024 com um crescimento robusto de 3,4%, acima da média global e entre os maiores do G20); a simpatia natural e empatia entre brasileiros e franceses; a presença francesa consolidada, o que possibilita o networking com outros grupos e empresários franceses, como acontece nos fóruns e associações como a CCIFB; a similaridade cultural que favorece essas relações; e, por fim, o Brasil está em desenvolvimento permanente e constantemente focado em melhorias, oferecendo oportunidades nos mais variados setores de atividade, como mobilidade urbana e infraestrutura, que, na Europa, já contam com mercados consolidados e altamente concorrenciais.

 

O que você pretende trazer como prioridade para a Diretoria de PMEs e de que forma a Câmara pode apoiar ainda mais esse público?

Com base em pesquisas de satisfação realizadas recentemente com os associados e entrevistas diretas com PME(s) (associadas ou não) estamos finalizando a reestruturação dos benefícios oferecidos pela câmara bem como ampliando o leque de serviços.

Nosso foco é trazer com muita clareza o valor agregado da câmara para seus associados, em especial, nos pontos cruciais levantados pelos empresários, executivos e sócios das PME(s), entre eles:

  • Networking de alta qualidade e personalizado com foco em resultado para o associado, ou seja, concretização de negócios e aumento da base de relacionamentos profissionais de qualidade;
  • Visibilidade e promoção da marca ou do produto com ações de comunicação capitaneadas por especialistas. Neste sentido, sob a tutela de nossa diretoria Ana Celia Biondi, estamos investindo na organização da comunicação institucional da câmara;
  • Estabelecimento de regulamentos estruturados voltados para a participação, composição da liderança e governança das comissões técnicas inclusive com curadoria para a realização de eventos de forma que as reuniões de nossas comissões sejam sempre da mais alta qualidade, eficiência e interesse para nossos associados.

 

Você tem uma trajetória consolidada no assessoramento jurídico internacional. Como essa experiência contribui para orientar as empresas francesas que chegam ao Brasil?

Há quase 30 anos acompanho a implantação de empresários e grupos na sua grande maioria franceses no Brasil, seja em projetos Greenfield com constituição de filiais e subsidiárias, seja através de projetos de aquisição e joint ventures. Portanto, tenho uma efetiva proximidade com esses empresários e executivos e vivencio com eles tanto as dificuldades quanto a imensa satisfação de ser bem-sucedido nos projetos de implantação no mercado brasileiro.

Nesse sentido, aprendi a identificar as dificuldades específicas que as empresas enfrentam no plano cultural, jurídico ou econômico, e a traduzir essas complexidades em soluções claras e viáveis. Entendo que o papel do advogado, especialmente em um mercado como o Brasil, vai muito além de simplesmente “resolver problemas”, trata-se de ser um parceiro estratégico capaz de proporcionar confiança, segurança e visão de longo prazo.

Assim acredito que meu diferencial é poder combinar o conhecimento técnico com uma compreensão prática das demandas de gestão, ajudando as PMEs desde os primeiros passos até o estágio de consolidação.

 

A Câmara vive um momento de renovação, com metade dos cargos ocupados por mulheres. Que significado isso tem para você, que também trilhou espaços de liderança em um meio historicamente masculino?

Acho maravilhoso, pois a liderança feminina é uma condição sinequa non para trazer equilíbrio, e todos sabemos que a eficiência e excelência trazem em seu bojo o respeito da diversidade e do trabalho em conjunto de líderes competentes e engajados, sem que o sexo, a cor, a religião e a etnia sejam barreiras para ocupar essas cadeiras.

 

Como imagina a evolução da relação França-Brasil nos próximos anos, especialmente para as PMEs?

Estou bastante entusiasmada com o nível e a qualidade dessa relação e também acredito que, para além da Câmara, todos os atores e operadores que atuam nesse mercado estejam engajados para que essa tendência se acentue fortemente. E acredito que a qualidade das relações impacta concretamente no fomento e incremento dos intercâmbios políticos, culturais, científicos, tecnológicos e, sobretudo, econômicos entre a França e o Brasil. Nessa esteira, por exemplo, apoiamos com afinco a celebração de acordos bilaterais e multilaterais que possam facilitar o comercio entre os dois países, a exemplo do acordo Europa/Mercosul.

 

 

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