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Transição Climática: um desafio que pode trazer benefícios concretos para as empresas

Evento em parceria marca o lançamento da metodologia ACT no Brasil e reúne representantes dos setores de aviação, energia e combustíveis.
A CCIFB-SP, em parceria com a Act Solutions/ADEME, promoveu o evento “Transição Climática: do compromisso à ação com a metodologia ACT”, no dia 18 de novembro. A programação marcou o lançamento oficial da metodologia ACT (Accelerate Climate Transition) no Brasil, referência internacional em transição climática empresarial, e apresentou o primeiro panorama sobre a maturidade dos planos de transição no país, com base no estudo Climate Finance Hub.
Metodologia ACT
Leonardo Werneck, Diretor Executivo da I Care Brasil, comentou que o grande objetivo do ACT — e das metodologias de plano de transição de maneira geral — é ajudar as empresas a saírem do âmbito da sustentabilidade e estratégia climática e levar isso para o modelo de negócio. “Ele não é um plano de transição climática, ele é uma metodologia de redesenho e de estratégia de posicionamento da empresa a partir da lente climática”, explicou.
Segundo Ilaria, Gerente de Inovação e Negócios Internacionais da ADEME/Act Solutions, os países não estão alinhados com o Acordo de Paris. Atualmente, encontramos uma redução na emissão de carbono de apenas 10% e, para cumprir a meta estabelecida, em 2035 precisaremos de 60% de redução. Ela alerta que o cenário é o mesmo quando olhamos para as empresas: 76% delas têm ao menos uma meta de redução de emissões, mas apenas 3% possuem um plano de transição real, bem financiado e com prazo definido.
Balleto divulgou que 87% das empresas que adotaram a metodologia ACT, nos últimos 10 anos, consideram que seu investimento é rentável, ou seja, elas conseguiram acesso a novos mercados, novos clientes e novos fundos públicos. “Esse tipo de estudo mostra que fazer um bom trabalho não é bom apenas para o planeta e para o clima, mas para o negócio também.”
O plano na prática
Moderado por Cyrille Bellier, Líder da Comissão de Bioeconomia & Sustentabilidade da CCIFB-SP e Diretor Executivo da Rever Consulting/Utopie, o painel “Experiência das empresas sobre os planos de transição” reuniu para um bate-papo Aletea Madacki, Head de Mudanças Climáticas da Azul, Isabela Salgado, Gerente de Sustentabilidade do Ipiranga/Grupo Ultra, João Paulo Niggli Silva, Especialista em Clima da EDP, e Christianne Maroun, Coordenadora da Climate Finance Hub.
Representando três setores importantes no debate da descarbonização, os convidados comentaram a importância da governança nesse processo dentro das empresas. Para Isabela, governança é quase primordial para fazer com que o tema saia de uma área de sustentabilidade e percorra o negócio como um todo.
Segundo João Paulo, o plano de transição climática da EDP foi aprovado por 90% dos acionistas, o que reflete que as pessoas responsáveis por colocar recursos na empresa estão alinhadas com a questão climática. “Nós temos dois comitês dedicados que tratam do tema do clima e ESG com regularidade.”
Aletea dividiu a sua experiência à frente do setor de Mudanças Climáticas da companhia aérea Azul e afirmou que esse mercado enfrenta uma situação muito difícil de descarbonização, pois um plano de transição climática afeta o business da companhia. Mas ela ressaltou que o setor de aviação é responsável por apenas 1,9% das emissões de carbono no mundo.
No fechamento do painel, Isabela levantou uma questão muito importante para o debate da transição energética, que é a discussão de políticas públicas. “Uma das importantes ferramentas para sustentar isso tudo é que a gente tenha mecanismos econômicos que viabilizem isso tudo.”