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Mais volatilidade e incerteza marcam o novo cenário econômico global

Marcelo Carvalho analisa as transformações da economia internacional e traça perspectivas para 2026 em evento do Observatório Econômico da CCIFB-SP

Após décadas marcadas por uma globalização acelerada, que impulsionou prosperidade, crescimento econômico e avanços significativos, o cenário internacional passa por uma inflexão estrutural. Segundo análise de Marcelo Carvalho, Global Macroeconomist e PhD em Economia, o mundo ingressa em um novo ciclo caracterizado por maior fragmentação, volatilidade e incerteza, com impactos relevantes para governos, empresas e mercados financeiros até 2026.

O ponto de inflexão remonta ao período posterior à crise financeira de 2008, quando se intensificaram as rivalidades geoeconômicas, em especial entre Estados Unidos e China. Essa disputa, de caráter estrutural e duradouro, consolida-se como um dos principais eixos da geopolítica global nos próximos anos. Paralelamente, o conflito envolvendo a Rússia levou a Europa a um reposicionamento estratégico, com o reconhecimento da necessidade de maior autonomia em sua segurança militar. Esse movimento tem impulsionado países europeus, incluindo a França, a ampliar investimentos em defesa e rearmamento.

Nesse contexto, observa-se o enfraquecimento do ambiente multilateral e o avanço de políticas mais protecionistas e transacionais. Os Estados Unidos, tradicionalmente líderes na sustentação das instituições multilaterais, passaram a adotar uma postura mais orientada a interesses domésticos, reduzindo o compromisso com regras comuns e ampliando a imprevisibilidade do sistema internacional. O resultado é um ambiente menos regulado, no qual prevalece a lógica da força e da negociação caso a caso, em detrimento de normas globais compartilhadas.

A reversão parcial da globalização reflete, em grande medida, a percepção de que seus benefícios foram distribuídos de forma desigual. Embora tenha promovido ganhos expressivos para a economia mundial, o processo também gerou assimetrias que alimentaram movimentos de contestação e políticas de fragmentação comercial.

Para os mercados financeiros, esse novo cenário traz implicações relevantes. O aumento da incerteza estrutural eleva os prêmios de risco e se reflete nas taxas de juros de longo prazo. Títulos soberanos com vencimento de 10 anos, como os dos Estados Unidos, da França e de outras economias, apresentam patamares mais elevados do que em períodos recentes — uma tendência que tende a se manter no médio e longo prazo.

Diante desse ambiente, Marcelo Carvalho destaca que o mundo caminha para uma fase de maior volatilidade e incerteza, exigindo de organizações, investidores e formuladores de políticas públicas maior capacidade de adaptação, resiliência estratégica e leitura geopolítica para enfrentar os desafios do novo ciclo econômico global.

 

 

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