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Redes sociais como aliadas das pequenas empresas foi tema de encontro do Réseau PME

Evento da CCIFB-SP reuniu especialistas para compartilhar estratégias práticas de gestão de marca online

Como transformar presença digital em autoridade de marca, mesmo em empresas de pequeno e médio porte? Essa provocação guiou o encontro “Redes sociais: como gerenciar sua marca online”, promovido pelo Réseau PME da CCIFB de São Paulo no dia 17 de junho. A proposta foi clara: discutir como utilizar as redes sociais de forma estratégica, acessível e eficiente para ampliar a visibilidade, gerar engajamento e construir uma imagem de marca coerente. A iniciativa teve liderança de Sophie Sonia Aniceto, com Raquel Busnello na vice-liderança.

Kennedy Garcia, fundador da agência KGM Criativo, iniciou sua fala com uma provocação direta: “Quem não se conecta, não cresce.” No entanto, é preciso planejamento, já que o excesso de postagens virou uma armadilha. “Há pouco tempo, a impressão era de que era preciso postar o tempo todo. Mas isso virou uma máscara. O menos é mais — e o foco precisa ser qualidade, não volume”, afirmou. Ele defendeu que o primeiro passo deve ser organizar o perfil de forma clara e objetiva, com informações essenciais para o cliente. Além disso, destacou a importância de responder a todos os comentários com atenção, inclusive os negativos: “responda com empatia, chamando a pessoa pelo nome. Afinal, o digital é uma extensão da sua loja, e o atendimento não pode ser diferente.” Ele ainda incentivou o uso de conteúdos que mostram os bastidores e o time, dando rosto humano à marca, e defendeu impulsionamentos simples e pontuais para atingir o público certo. “O que está no meio é só a tecnologia. De um lado e do outro, ainda estão pessoas.”

Na sequência, Sylvie Truong, diretora de Marketing e Pesquisa & Desenvolvimento da Norac Foods Brasil, compartilhou experiências concretas do setor alimentício e apresentou práticas já testadas pela empresa no Brasil. Sylvie reforçou que marketing e comunicação precisam trabalhar juntos desde o início. “Tudo começa com planejamento: entender o mercado, definir o público, criar personas, estabelecer metas e escolher bem os canais. Mas antes disso, é essencial se perguntar: qual é a identidade da sua marca?”, disse. Para ela, identidade não é apenas um logotipo ou um slogan. “É o tom de voz, as cores, o design, a reputação. Tudo deve refletir como você quer ser visto.”

O encontro também abordou o desafio da consistência, especialmente em um cenário em que muitas PMEs tentam marcar presença em diversas plataformas ao mesmo tempo, sem conseguir manter regularidade e qualidade. Sylvie foi direta: “melhor ter poucos canais bem alimentados do que muitos abandonados.” Ela alertou que, antes de pensar em expandir para novos meios, como um site, é preciso garantir que as redes sociais estejam bem cuidadas. Ainda assim, um site pode ter um papel estratégico importante: mesmo simples, ajuda a transmitir credibilidade e a consolidar a marca.

A escolha de influenciadores também foi abordada. No Brasil, informou Sylvie, 73% dos consumidores já compraram algum produto por indicação de influenciadores, contra apenas 12% na França. Apesar dessa identificação dos brasileiros com as personalidades de internet, ela fez um alerta: o perfil escolhido precisa ter conexão real com a marca. “Não é sobre fama, e sim sobre confiança e coerência”, ressaltou. Ela citou como exemplos as parcerias feitas com a influenciadora Mah Perez e o comediante francês Paul Cabanes para a marca Paderrí, que usa o humor como ponte com o público. Já a marca Ateliê optou por ações locais, como campanhas em academias da rede Smart Fit, voltadas ao público que busca alimentação prática e saudável. Sylvie também comentou que as parcerias de permuta com microinfluenciadores, como no caso de produtos e brindes em troca de publicações, pode ser uma alternativa viável para PMEs: “às vezes parece uma ação pequena, mas pode os resultados podem ser surpreendentes”, afirmou.

O evento mostrou que as redes sociais, quando bem trabalhadas, são mais do que vitrines digitais. Elas podem ser aliadas poderosas para crescimento, reconhecimento e diferenciação no mercado — mesmo para negócios que ainda estão se estruturando. Estratégia, consistência e verdade na comunicação são pilares que, como ressaltaram os convidados, seguem válidos para qualquer marca que queira ir além do simples “estar presente” no digital.

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