CCIFB-SP reúne empresários e sociedade para discutirem boas práticas de bioeconomia e sustentabilidade

 

Realizado em São Paulo, o evento foi marcado pela discussão em alto nível do tema e pela apresentação das iniciativas globais e sustentáveis das empresas presentes no 1º Fórum de Bioeconomia e Sustentabilidade

 

 

A Câmara de Comércio França-Brasil reuniu no último dia 23.08 empresas de diversos setores para discutirem sobre as ações pioneiras que as empresas estão fazendo na bioeconomia e sustentabilidade.  Em uma manhã que contou com a presença de mais de 70 convidados, o 1º Fórum de Bioeconomia e Sustentabilidade trouxe exemplos reais de boas práticas de sustentabilidade nas empresas. Ressaltando a importância do encontro, o presidente da CCIFB, Pedro Antonio Gouvêa Vieira Almeida e Silva, celebrou e a participação de empresas-modelo no evento. “É cada vez mais importante debater com exemplos práticos o desenvolvimento sustentável do planeta. Há 50 anos, a ONU discutia o tema em sua 1ª conferência de clima e há 30 o Brasil recebia a ECO-92. Ambos eventos marcaram o debate público a respeito da conscientização ecológica da sociedade. Avançamos desde lá, mas é preciso muito mais.” declarou.

 

O advogado especialista em ESG e sócio da ABC Associados, Aron Belinky, iniciou a manhã de muito conteúdo a respeito do tema, apresentando ao público uma análise sobre a importância das empresas para uma economia sustentável. O especialista lembrou que o consumo aumentou muito nos últimos 50 anos e é importante que cada segmento da sociedade passe a assumir responsabilidades. “É urgente e necessário buscar o equilíbrio entre economia, sociedade e meio ambiente sob pena de não termos mais tempo de agir”, declara.

 

O encontro foi marcado por bons exemplos de ações sustentáveis, a exemplo da Veolia, líder global em gestão otimizada de água, energia e resíduos, que apresentou aos participantes o projeto de transformação ecológica, ampliando a taxa de valorização dos resíduos. Christophe Bonaldi, Gerente de projetos de valorização de resíduos da Veolia, demonstrou como a economia circular converte os resíduos, antes não aproveitados, em recursos – reintroduzindo-os no ciclo de produção. “Como exemplo, temos a valorização de recursos orgânicos que são encaminhados para aterros sanitários e transformados em energia. O processo ocorre utilizando parte da decomposição do resíduo, que emite gás metano (CH4), uma das principais causas do efeito estufa, para gerar um biogás, que pode ser coletado e transformado em biocombustível renovável, gerando assim energia elétrica, térmica ou biometano”, informa. “A outra parte dos resíduos pode ser usada, por exemplo, para preparação e venda para fábricas de cimento, que entra como uma substituição de energia”, complementa Bonaldi.

 

Christiana Sarmento, Vice-presidente de Automação Industrial América do Sul da Schneider Eletric, falou sobre o conceito Life Is On da empresa que tem o propósito de possibilitar o máximo o aproveitamento de nossa energia e de nossos recursos. “Na Schneider, chamamos isso de Life Is On, porque de um lado temos que levar energia para todas as pessoas que não têm acesso a ela no mundo (mais de 759 milhões de pessoas), e, ao mesmo tempo, temos que garantir que a pegada de energia, recursos e carbono da sociedade, seja reduzida pela metade nos próximos 20 anos”, revela. A empresa aposta nas tecnologias digital e elétrica, atuando, então, de maneira sustentável e resiliente. A sustentabilidade está no centro de tudo o que que a empresa faz. Em 2021, a Schneider foi reconhecida pela Corporate Knight como a corporação mais sustentável do mundo.

 

Outra empresa que apresentou suas iniciativas foi a Tereos Açúcar e Energia, que abordou o tema transição energética. Renato Zanetti, Diretor de Sustentabilidade da Tereos, falou sobre como o setor vem trabalhando a eficiência energética, gerando canais de expansão no que diz respeito a bioenergia. “A cogeração através da biomassa, por exemplo, teve um boom a partir de 2010. Podemos falar também do etanol, que hoje já faz parte de maneira muito representativa na matriz energética. E as novas tecnologias que estão surgindo como a biogestão da vinhaça para a produção de biogás e de biometano, com foco de gerar energia elétrica ou para alimentar motores que hoje são movidos a combustível fóssil como o diesel. Também o etanol de segunda geração que tem sido desenvolvido e, obviamente, faz parte do plano de setor, além de incluir o milho nesta transição energética para a produção de etanol”.

 

A VALGO Ambiental, especializada na remediação de solos e águas subterrâneas, atua por meio de uma solução global única para promover a revitalização de terrenos industriais. O “VALGOrización”​ consiste em unir operações de remediação de terra e locais de técnica e de engenharia financeira para desenvolver projetos ambientalmente responsáveis e economicamente viáveis, permitindo assim que a conversão industrial a longo prazo. “Nossa forte atuação permitiu que mais de 5 mil terrenos fossem descontaminados e mais de mil fossem recuperados e entregues aos nossos clientes”, afirmou Arion Ferraz, CEO da Valgo no Brasil. Com sede em Paris, a VALGO tem mais de 390 funcionários distribuídos por 12 filiais em França e 4 subsidiárias no exterior.

 

A GreenYellow, empresa especializada em Eficiência Energética e Energia Solar, foi representada por seu diretor presidente, Marcelo Xavier, que falou sobre a atuação da companhia e sua importância para o meio ambiente. “Todos os anos, geramos uma economia de mais de 230 GWh com projetos de eficiência energética, tendo como base nossa atuação em quatro áreas-chave: produção de energia, eficiência energética, serviços de energia mobilidade elétrica. Com isso, apenas em 2020, conseguimos evitar que mais de 275 mil toneladas de CO2 fossem despejadas no planeta”, finalizou o executivo.

 

A Natura, primeira empresa de capital aberto do mundo a contar com o selo B, que visa como modelo de negócio o desenvolvimento social e ambiental, falou sobre seu ecossistema de desenvolvimento de produtos. “Atualmente, 84% das nossas fórmulas são veganas e 93% são de origem natural. Desenvolvemos uma maneira única de fazer nossos produtos, unindo a exploração de ingredientes da biodiversidade ao conhecimento tradicional das comunidades envolvidas e da ciência, de forma que possamos avançar impactando o mínimo possível o meio ambiente”, revelou Ana Viana, Gerente de Assuntos Regulatórios Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos da Natura.

 

A Biofílica Ambipar, empresa brasileira de soluções baseadas na natureza, contou com a presença de Luisa Cotrim, Carbon Market Specialist e trouxe, entre outros destaques, os países da América Latina que possuem potencial de reduzirem 1.457 MtCO2/ano em emissões com projetos REDD (que projeta incentivos de mercado e financeiros visando a redução das emissões dos gases do efeito estufa oriundos da degradação das florestas e do desmatamento) e ARR (indicador que corresponde ao faturamento recorrente anual de uma empresa), com destaque para o potencial do Brasil.

 

Renata Vilarinho da Polen, empresa que tem a missão de estimular o uso contínuo dos recursos por meio da reciclagem de resíduos sólidos, destacou a importância de as empresas pensarem sustentabilidade como resultado e não como custo. “Infelizmente, muitas empresas ainda enxergam a sustentabilidade como custo e a nossa missão é revolucionar completamente a forma como a sociedade e as empresas lidam com seus resíduos, contribuindo para uma cadeia de aproximadamente 1 milhão de catadores”, explica.

 

Helena Pavese, Country Manager da Plastic Bank, alertou o público sobre a importância de se reduzir plástico no mundo. “Todo ano, 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas no oceano. Isso equivale a um caminhão de lixo a cada minuto”, destacou. “Até 2030, espera-se que o volume de plástico no oceano dobre. E em 2050, se não mudarmos esse comportamento, teremos mais plástico do que peixe no oceano”, finalizou.

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