O cenário brasileiro de jogos de treinamento e corporativos foi tema da última Comissão de Educação Superior e Executiva da Câmara de Comércio França-Brasil, realizada no dia 26 de novembro. Luiz Ojima, sócio da Homo Ludens, começou a apresentação com o conceito de Serious Games e sua aplicabilidade, que consiste no desenvolvimento de competências para atuação em situações reais, bem como para a construção de conhecimentos sobre os mais variados temas. Eles podem ser usados em diferentes áreas: educação, saúde, área militar e formação profissional.
“O Brasil vem se tornando uma das indústrias que mais cresce na área de games”, conta Ojima, que apresentou aos participantes o II Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, de 2018. A pesquisa foi respondida por 375 desenvolvedoras. De 2016 para 2017, houve um crescimento de 28% na quantidade de jogos criados, passando de 754 para 946. A região Sudeste concentra a maior parte dessas empresas, sendo que 31,5% estão instaladas no estado de São Paulo. A presença feminina ainda é pequena nestas organizações, com apenas 20,7% de mulheres em um total de 2.731 trabalhadores. “É importante salientar que antes de contratar uma empresa para desenvolver um serius game, o cliente precisa ter muito claro qual o objetivo que ele tem com o jogo”, alerta o empresário.
A utilização de mecânicas, elementos e linguagens de jogos sobre novas situações, para torná-las mais divertidas e aumentar o engajamento dos participantes é chamada de gamificação. “Jogos não são divertidos porque são jogos, mas sim quando são bem feitos”, avalia Winston Petty, diretor da Next Level. Para isso, o desenvolvedor deve observar alguns fatores do usuário, como deixar claro o propósito do jogo, dar um direcionamento, feedbacks rápidos, incentivar a colaboração, ser divertido e incluir elementos de redes sociais. Além disso, é importante deixar claro as metas a serem atingidas e as métricas – resultados, com dados qualitativos – que servirão para justificar ao contratante a efetividade da ferramenta.
Em parceria com a Next Level, o consultor educacional André Rios criou um aplicativo para redesenhar o processo de técnica de vendas e de treinamento para colaboradores para uma grande indústria farmacêutica. “Decidimos criar um game que simulasse um contato de negócios, no qual fosse possível praticar as técnicas de venda de uma forma segura”, explica Rios. Em uma pesquisa realizada com os usuários após um ano de implantação, os criadores ficaram surpresos com a adesão de 90% do público nas respostas. 92% consideraram que o game ajudou a abordagem junto ao cliente e como reflexo final, as vendas tiveram aumento de 20%. “Nosso game ganhou nota 9,1, o que revela o grande nível de satisfação entre os jogadores”, conclui.
Ao final da comissão, os participantes puderam testar um dos jogos de treinamento profissional, desenvolvido pela Next Level. O jogador que fizer mais pontos vai ganhar um brinde da Homo Ludens.