Em 2013, três empreendedores franceses chegaram ao Brasil com o objetivo de vender farinha de trigo com qualidade diferenciada — produzida em um moinho artesanal e sem nenhum tipo de aditivo. A France Panificação começou importando farinhas da França, mas hoje também tem uma escola para ensinar brasileiros a produzir pães. Com crescimento de 20% por ano, a empresa conseguiu faturar R$ 10 milhões em 2020.
Formado em Engenharia de Alimentos e especializado na indústria de cereais, o francês Axel Bouley tinha muita vontade de empreender com alimentação no Brasil — e até falava português por ter morado temporariamente em São Paulo. “Eu já conhecia um pouco do Brasil e o país sempre me atraiu”, diz Bouley, cofundador e diretor da France Panificação. “Acho que a França e o Brasil têm muitos pontos em comum em relação à comida, em particular o pão.”
Durante uma feira de panificação na França, ele conheceu Yvon Foricher, um fornecedor de farinha que tinha vontade de vender seus produtos no Brasil, mas que tinha dificuldade por não falar a língua portuguesa. Decidiram se unir e chamar Jacques Paulin para começar um negócio no Brasil.
A ideia inicial era montar uma padaria, mas eles viram que faria mais sentido oferecer a farinha para as padarias que já existiam no país. Então, em 2012, começaram a fazer os planos para montar o negócio.
O investimento inicial foi de R$ 150 mil. “É um processo difícil abrir uma empresa quando você não conhece o país, os advogados custam caro e existe muita burocracia”, afirma Bouley. No primeiro ano, eles frequentavam feiras de panificação brasileiras para apresentar o produto e também visitavam as padarias oferecendo as farinhas.
“É muito difícil convencer o padeiro a trocar a farinha, e também é um processo um pouco demorado”, diz o empreendedor. Mas ele conta que, quando os pães eram feitos com a sua farinha, os consumidores gostavam. Aos poucos, conseguiram se inserir no mercado.
Eles então perceberam uma necessidade de também oferecer um treinamento técnico e fundaram o Ateliê do Boulanger, uma escola para formar padeiros pelo Brasil, em 2017. Para isso, os empresários investiram R$ 1 milhão na compra de equipamentos. “A ideia não é que os alunos virem padeiros em 23 dias, mas dar o máximo de informação para quem tem interesse em trabalhar na área”, diz Bouley.
Em 2020, a escola iniciou o Ateliê do Boulanger 2.0, com o objetivo de oferecer aulas pela internet. O aprendizado se dá por vídeos com receitas inteiras e uso de equipamentos amadores e profissionais. Até o momento, a escola já teve 800 alunos.
A empresa pretende investir, em 2021, em aulas sobre a montagem de um negócio na área de panificação. “Queremos ensinar os pontos administrativos e jurídicos para acompanhar da melhor forma os nossos clientes e mostrar como montar um modelo de negócio e vender do melhor jeito”, diz Bouley.