‘Já estamos melhor que em 2019’, diz CEO da rede de Hotéis Accor

A frente da operação na América do Sul, Thomas Dubaere diz que Brasil é o destaque

 

Maior rede hoteleira em operação no Brasil, a Accor deixou para trás o baque da pandemia. A recuperação das viagens corporativas nos últimos meses, combinada com a demanda reprimida de turistas a despeito da inflação, permitiu que a receita por quarto ficasse, no primeiro semestre, 13% acima da registrada no mesmo período em 2019 (descontada a inflação) nas operações em toda a América do Sul.

A página virou antes do que previa Thomas Dubaere, o belga que comanda a Accor na região, e o Brasil foi o principal destaque.

O Brasil é um dos países que mais se aceleraram no mundo. A gente esperava que isso só aconteceria em 2023, mas já estamos acima do registrado em 2019. O turismo a lazer voltou primeiro, está bastante acima. E as viagens corporativas finalmente voltaram nos últimos meses. Em São Paulo, já estão no mesmo nível de 2019 — explica.

O imperativo das viagens após dois anos de pandemia permitiu que a companhia repassasse preços diante da inflação.

A ocupação está em 57%, mais ou menos o mesmo nível de 2019. O ponto forte é a diária média, que está 16% acima de 2019. Com a inflação, o mercado precisava se ajustar. E ela não tem sido um obstáculo — diz o CEO da Accor, que tem marcas como Sofitel e Ibis.

Covid e economia mudaram hábitos que ajudam no resultado. Exemplo: o encarecimento das viagens internacionais.

Na pandemia, os brasileiros que iam para Miami descobriram que podem ter a mesma experiência no Rio — afirma. — Mas os turistas estrangeiros, que já eram poucos, não estão vindo o bastante, mesmo com o câmbio vantajoso.

A retomada embaralhou os perfis das viagens, com o chamado “bleisure” (negócios e lazer juntos). Embora as pessoas ainda viagem menos, as estadias médias estão crescendo para permitir a conciliação, diz Dubaere, e o fenômeno do “anywhere office” potencializa a tendência.

A dinâmica proporciona a oportunidade de aproximar hotéis tradicionais do conceito “lifestyle” — descolados, com público mais jovem e que chegam a ter 50% da receita vindo de alimentos e bebidas.

No Ibis, o percentual é de apenas 25%. Há uma oportunidade de crescer essa receita.

A Accor opera 411 hotéis na América do Sul e vai abrir 25 novos na região (17 no Brasil). O plano é chegar em 2027 com 550 abertos e 150 em fase de projeto. A expansão prevê uma transição de modelo:

Há alguns anos, a franquia simplesmente não existia aqui. Agora, 50% dos nossos hotéis são franquias. Vamos acelerar esse modelo.

 

Por Rennan Setti – Repórter na coluna Capital, do GLOBO 

 

Link da matéria: https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2022/08/ja-estamos-melhores-que-em-2019-diz-ceo-da-rede-de-hoteis-accor.ghtml

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