Ao longo dos anos, o papel da mulher no mercado de trabalho tem ganhado destaque. No entanto, ainda há muito o que conquistar.
Estudos indicam que, apesar do destaque das mulheres no mercado de trabalho nos últimos anos, elas ainda são atingidas pela desigualdade salarial por gênero.
No Brasil, segundo pesquisa do IBGE “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, funcionárias do sexo feminino ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens. O IBGE estima o rendimento médio mensal dos homens em R$2.306 e o das mulheres em R$1.764.
Em linha com a igualdade e transparência, a empresa francesa Schneider Electric atingiu sua meta de ser uma empresa com 100% de igualdade salarial para seus funcionários.
Alguns elementos permanecem desiguais entre homens e mulheres no ambiente profissional. São exemplos o rendimento, a formalização e a disponibilidade de horas para trabalhar. É o que apontou o estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, as mulheres trabalham cerca de três horas a mais por semana que os homens. As horas excedidas, no entanto, levam em consideração o trabalho remunerado, atividades domésticas e o cuidado de pessoas.
A pesquisa também revelou que, apesar de as mulheres possuírem um nível educacional mais alto, elas ainda ganham menos que os homens. De acordo com o IBGE, baseando-se na população a partir de 25 anos de idade com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens, 20,7%.
Apesar de a desigualdade salarial por gênero ser proibida por lei, muitas empresas ainda pagam um salário inferior para funcionárias do sexo feminino.
Outra pesquisa realizada pelo IBGE em 2018, apontou que o rendimento médio das mulheres com emprego foi 20,5% menor do que o dos homens.
Segundo o IBGE, as desigualdades entre os sexos são atribuídas, dentre outros fatores, à discriminação no mercado de trabalho e à divisão por gênero das atividades de afazeres domésticos e cuidados, em especial quando ausentes legislação e políticas públicas específicas para endereçar essas questões.
Segundo o relatório global “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências para Mulheres 2018” da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres são menos propensas a participar do mercado de trabalho do que os homens e têm maiores chances de estarem desempregadas.
De acordo com a OIT, as mulheres ocupam apenas 48,5% do mercado de trabalho mundial. O valor, no entanto, equivale a 26,5% a menos que a taxa ocupada por homens.
Ainda segundo o relatório, a taxa de desemprego global das mulheres no ano passado ficou em 6%, cerca de 0,8% a mais que a taxa masculina.
No total, isso significa que, para cada dez homens empregados, apenas seis mulheres estão empregadas.
O público feminino também enfrenta desigualdades significativas na qualidade do emprego que possuem.
Segundo o relatório da OIT, em comparação aos homens, as mulheres têm o dobro de chances de serem trabalhadoras familiares não remuneradas. Nos países emergentes, 42% do público feminino representavam o trabalho informal, enquanto os homens representavam 20%.
No Brasil, essa desigualdade também é notável. É o que afirma o estudo “Síntese de Indicadores Sociais 2019 – Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira”, divulgado em agosto pelo IBGE.
De acordo com o estudo, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho no ano passado foi de 52,9% enquanto a dos homens foi de 72%.
Hoje, uma das maiores desigualdades está relacionada ao lugar ocupado por homens e mulheres dentro da hierarquia nas empresas. Dados do IBGE apontam que apenas 41,8% dos cargos gerenciais do país são ocupados por mulheres.
Além disso, o estudo “Women in the Boardroom” (“Mulheres nos conselhos de administração”, em português) da Deloitte, concluiu que apenas 8,6% dos assentos dos conselhos administrativos do Brasil são ocupados por mulheres. O estudo, no entanto, mostra um tímido avanço das mulheres nos cargos de liderança.
Outro dado interessante revelado pelo estudo da Deloitte foi que, em média, apenas 16,9% dos conselhos administrativos em 49 países estudados são ocupados por mulheres.
A França ficou em segundo lugar na lista dos países com maior igualdade no quesito, onde as mulheres ocupam 37% dos conselhos. Já o Brasil ocupou a 38ª posição.
Alinhada com seus valores, a Schneider Electric conquistou o marco de ser uma empresa 100% igualitária, no que diz respeito à remuneração de seus 200 mil funcionários no mundo todo.
A conquista foi anunciada em outubro, pela diretora global de recursos humanos da empresa durante um fórum promovido pela ONU Mulheres e pela OIT. O fórum contou com uma plateia totalmente feminina e foi realizado para discutir iniciativas de igualdade de gênero.
A luta pelo fim das desigualdades na Schneider Electric começou em 2014, quando o CEO da empresa se uniu ao HeForShe, movimento da ONU. O movimento incentiva homens e meninos a apoiarem a igualdade de gênero.
Segundo a empresa, quando a meta de igualdade salarial na empresa não é atingida, o dinheiro para preencher a brecha é descontado do que a alta chefia ganha.
Nas filiais da América do Sul, a Schneider Electric atingiu a meta de igualdade salarial em 2018.
A fim de reduzir a desigualdade salarial, a Schneider Electric criou relatórios semestrais para acompanhar as diferenças ao mesmo tempo em todas as filiais do mundo.
Pela meta, qualquer analista de mesmo nível, por exemplo, tem que ter salário equiparado. Independente da área de atuação ou do sexo do funcionário, os salários devem ser os mesmos.
As únicas exceções acontecem quando há uma diferença no nível de educação, como um empregado que fala mais idiomas ou que cursou pós-graduação ou MBA.
Além da igualdade salarial, a Schneider Electric tem como meta alcançar a igualdade em outras frentes. Entre elas, subir o percentual de mulheres que ocupam os 100 cargos do topo da empresa. Atualmente, o percentual na América do Sul é de 22,5%. Já no Brasil, o valor corresponde a 21%.
De acordo com a empresa, um dos principais retornos financeiros obtidos com essas mudanças é que elas ajudam a segurar os melhores profissionais na empresa.
A Schneider Electric é uma multinacional francesa líder em soluções digitais de automação e de energia para a eficiência e sustentabilidade.
Com mais de 180 anos de história e inovação, a empresa possui mais de 150 mil empregados em todo o mundo.
Além disso, a francesa faz parte das renomadas empresas que compõem a lista de associados da Câmara de Comércio França-Brasil São Paulo (CCIFB-SP). A companhia também é signatária dos WEPS, sigla inglesa para Princípios de Empoderamento das Mulheres. A iniciativa, criada pela ONU Mulheres, OIT e União Europeia propõe métodos e metas para que a igualdade de gênero seja atingida.
Fundada há 119 anos, a Câmara de Comércio França Brasil (CCIFB) reúne mais de 800 associados, entre empresas francesas, brasileiras e demais nacionalidades.
Com a missão de promover a relação entre a França e o Brasil, a CCIFB promove o desenvolvimento das relações econômicas, financeiras, comerciais, industriais, científicas e culturais entre a França e o Brasil.
A CCIFB comemora a conquista da igualdade salarial em todas as suas filiais e vê a conquista da Schneider Electric como um incentivo para demais empresas francesas e brasileiras adotarem as mesmas iniciativas.
Assim como a associada francesa, a CCIFB promove iniciativas para a inclusão das mulheres no ambiente corporativo, além de apoiar o fim da desigualdade de gênero.
Dentre as iniciativas apoiadas está o “Develop and Achieve Women” (Dn’A Women), criada pela presidente da CCIFB-SP, Sandrine Fernande. A iniciativa tem como objetivo promover a presença feminina no mercado financeiro.