Empresas adotam programas e ações para melhorar performance e inovar a cultura e gestão organizacional
A transformação digital tem impactado as relações de trabalho e os modos de mensurar e qualificar performance nas empresas. Espaços de interação, cultura e gestão organizacional estão no foco dessas mudanças, que cada vez atingem mais empresas de diferentes portes. Para debater o tema e promover a troca de experiências, a Comissão Digital, coordenada por Xavier Leclerc (.futuro|Rio), e a Comissão de RH, liderada por Pascaline Dalby (Safran), com apoio da MOX Digital e Cushman & Wakefield, promoveram uma manhã de palestras e mesa-redonda no espaço de inovação Oito, em Ipanema. O encontro contou com a participação de executivos, empreendedores e especialistas da área Digital.
Alexia Ohannessian, líder de Marketing Internacional na Atlassian, apresentou o case da Trello, plataforma de gerenciamento de projetos na web com mais de 35 milhões de usuários no mundo. Ela destacou a evolução da startup e como foi seu processo de adaptação ao atual cenário de transformações. “Hoje, temos 60% de nossos profissionais em trabalho remoto. Para isso, implantamos uma série de ações que visam melhorar interação e performance. O ponto inicial foi estabelecer a jornada de trabalho padrão das 12h às 16h, horário de Nova York. Assim, todos podem interagir e se organizar, não importa de onde estejam desenvolvendo suas atividades”, explicou. Ela contou que o projeto da Trello destina recursos para estruturar o trabalho remoto através da aquisição de equipamentos, fornecimento de Internet, ou ainda, se o profissional desejar pode optar por receber uma ajuda de custo para trabalhar em formato coworking.
Para Thierry Botto, diretor de transações de escritórios da Cushman & Wakefield, global provider de serviços imobiliários para empresas, é preciso que gestores promovam uma mudança de mindset nas organizações para tornar o trabalho remoto viável. “Com a generalização do cloud e de sistemas colaborativos como o Trello, hoje muitos colaboradores têm mobilidade para trabalhar de qualquer lugar, a qualquer momento. Além disso, as mudanças na Lei trabalhista brasileira enquadram pela primeira vez o home-office, e isso, por si só, mudou radicalmente as soluções de trabalho. Os espaços e os conceitos de escritórios que até então conhecíamos estão cada vez mais obsoletos graças à tecnologia”, complementou.
Considerar mudanças no mindset de gestores é também ponto importante para Michelin. De acordo com Monica Battelli, gerente de Recrutamento para América do Sul, os programas de home-office e flexibilização de horários implantados há quase oito anos pelo Grupo tiveram que quebrar alguns paradigmas da cultura da empresa para terem sucesso. “Hoje, podemos observar como os programas impactam positivamente a vida das pessoas. Percebemos que a chave de tudo para flexibilização é a confiança”, destacou.
Herman Bessler, CEO e Fundador da Templo, destacou a evolução do ambiente web, seus impactos na forma como recebemos informação, e o mercado de trabalho composto em maioria por millennials como fatores que afetam a forma de inserção profissional e desenvolvimento de carreiras nas empresas de todo porte e setor. Nesse trajeto, as startups ganham destaque por terem mais facilidade em adotar transformações. “Se antes tínhamos pequenas empresas olhando para grandes empresas como benchmarking, hoje temos grandes empresas olhando para startups como benchmarking de cultura, design organizacional e estruturas de contratação”, avaliou.
Confira as dicas dos nossos palestrantes:
Lembre-se que mudanças levam tempo e precisam de planejamento. Mudar uma cultura organizacional implica em no mínimo dois anos de trabalho, com estratégias pré-definidas e formas de mensurar resultados.
É preciso construir ambientes que permitam emergir criatividade e curiosidade. Essas habilidades não são programáveis. Por isso, pensar na construção desses espaços pode gerar equipes mais criativas e produtivas.
É importante equilibrar as decisões da empresa: “A inteligência do grupo sempre supera o mais inteligente do grupo”. Nesse sentido, a inteligência coletiva mostra-se como grande aliado para resolução de problemas complexos, e precisa ser levada em consideração na tomada de decisões.
A importância da coleta e análise de dados. Olhar para mecanismos e funis de produção de dados, que geram informações e posteriormente podem levar a ações de inovação, é um caminho para promover o desenvolvimento de ideias e soluções.
Não há um framework único e ideal para implantar cultura de transformação. Cada empresa terá que avaliar e testar seu melhor framework de trabalho, que pode ser híbrido ou priorizar um modelo único.
A capacidade de construir ambientes e culturas constantemente adaptáveis relaciona-se com a forma como as pessoas são tratadas na empresa. Cuidar dos funcionários não pode ser tarefa somente de um setor, mas de toda organização.